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Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor ou leitora, se você ainda tem dúvida sobre o valor comercial da valorização da origem e identidade em produtos de alto valor agregado, anote esta: pesquisadores da Espanha desenvolveram um sistema para identificar os tipos de azeitonas usadas e de onde procede determinado azeite de oliva, em qualquer nível: local, regional ou internacional.
O objetivo é óbvio: garantir a qualidade e tradição de produtos ligados a determinado território e prevenir fraudes em certificação de azeites, porque isso vale dinheiro, muito dinheiro. Aqui no Brasil inúmeras pesquisas de origem demonstraram que até 45% de azeites testados eram falsificados. Será que esta inovação espanhola vai ter interessados aqui ou vamos continuar comprando gato por lebre (ou soja por oliva)?
A pesquisa foi feita por pesquisadores da Faculdade de Farmácia e Ciências Alimentares, do Campus Alimentar Torribera e do Instituto de Investigação em Nutrição e Segurança Alimentar da Universidade de Barcelona e foi publicada nas revistas Food Chemistry e Food Control.
O sistema se baseia em uma espécie de verificação de impressão digital para identificar componentes dos azeites. Neste caso a impressão digital sesquiterpênica é usada para desenvolver modelos de discriminação geográfica que permitem identificar aqueles óleos que apresentam um sinal analítico muito diferente daqueles considerados como referência.
“A nova metodologia permite discriminar entre os azeites virgens produzidos na União Europeia e os que não são, além de classificá-los de acordo com o país de origem e verificar quais azeites pertencem a denominações geográficas protegidas na mesma região, mesmo adjacentes”, explicam as pesquisadoras Stefania Vichi e Alba Tres. O processo sem baseia na análise de hidrocarbonetos sesquiterpênicos, compostos orgânicos formados por três unidades de isopreno que provaram ser excelentes marcadores da origem do azeite.
"A pedra angular de uma ferramenta de autenticação eficiente é que ela se baseia em marcadores analíticos robustos. No caso de autenticação geográfica de azeite virgem, os marcadores devem depender principalmente da variedade de oliveira e sua área de cultivo, sem serem significativamente influenciados por outros fatores relacionados ao processo de extração ou conservação do petróleo", explica a pesquisadora Beatriz Quintanilla-Casas (UB-INSA), primeira autora dos estudos.
Além disso a nova metodologia é acessível e fácil de aplicar, porque o novo protocolo é baseado em uma técnica analítica que está ao alcance da maioria dos laboratórios de controle (públicos e privados) e requer apenas a aplicação de uma abordagem não tradicional. No caso da nova técnica, desenvolvida com a decisiva colaboração dos produtores de azeite virgem, os primeiros potenciais utilizadores seriam os laboratórios de inspeção e controle, as entidades certificadoras e as grandes empresas de comercialização do setor oleícola. Viu? Você viu primeiro aqui no InvinoViajas.