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Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor, o estado de São Paulo amplia cada vez mais sua articipação na produção de uvas e vinhos no Brasil, e cria estruturas de apoio à qualidade e representatividade. Com 321 vinícolas cadastradas, que produzem entre dois e cinco hectares de uvas viníferas, o Estado avança e a mais recente iniciativa foi a mobilização politica: a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) lançou nesta sexta-feira, dia 8 de março de 2024, em Sessão Solene no Plenário, a Frente Parlamentar de Apoio à Vitivinicultura e ao Desenvolvimento do Enoturismo Paulista – veja a mesa diretora, na foto acima.
A Frente é coordenada pelo deputado estadual Lucas Bove (PL). O coordenador da Frente ressaltou medidas adotadas pela Alesp para impulsionar a cadeia vitivinícola paulista. Bove citou, por exemplo, o remanejamento de aproximadamente R$ 700 milhões dentro do Orçamento e a criação do programa Rotas Rurais para mapeamento, endereçamento e conectividade no campo.
Segundo o secretário executivo do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), Daniel Aigner de Miranda, as verbas destinadas por emendas parlamentares turbinaram o financiamento agrícola. “Saímos de um orçamento de R$ 174 milhões no ano passado para R$ 253 milhões”, informou. A Frente Parlamentar deve encarar desafios como a equiparação tributária, aporte de mais recursos para ampliar linhas de crédito e o incentivo público para a divulgação promocional do enoturismo.
A sessão também contou com representantes de duas secretarias estaduais, Adriana Verdi (Agricultura) e Virgilio Carvalho (Turismo); além do coordenador do curso de viticultura e enologia da Escola Técnica Estadual (Etec) Benedito Storani, em Jundiaí, Eduardo Alvarez.
No cenário paulista, é cada vez mais presente a força da viticultura. A uva e o vinho têm ganhado cada vez mais protagonismo, conforme salienta a presidente da Câmara Setorial de Viticultura, Vinhos e Derivados, Célia Pinotti Carbonari, sócia-proprietária da Vinícola Villa Santa Maria, produtora dos vinhos Brandina: “É uma conquista sem tamanho ter essa representatividade no Estado”. O Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, entende que o estado vive o seu melhor momento no setor. São cerca de 250 vinícolas cadastradas. Essa produção alavanca a cadeia de comércio e de de serviço em suas regiões.
O setor de produção de vinhos no Estado de São Paulo está em expansão. Prova disso é o aumento no número de pés de uva voltados à viticultura, que neste ano saltou oito vezes em relação ao ano passado. Foram 7,8 mil unidades plantadas em 2022, contra quase 64 mil em 2023, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Pasta de Agricultura. Esse aumento das plantações se deve a um conjunto de fatores. Há um crescimento do mercado do turismo ligado às vinícolas, aliado à alta qualidade da uva no Estado de São Paulo propiciada pelo manejo da dupla poda, o que permite colher uvas finas e, consequentemente, fazer vinhos de mais qualidade.
O aumento na qualidade do vinho produzido em São Paulo é fruto de um trabalho iniciado 20 anos atrás, quando os produtores paulistas de uva passaram a adotar a técnica da dupla poda das videiras, prática adotada em toda a região sudeste do País, a partir dos estudos do pesquisador da EPAMIG, Murillo de Albuquerque Regina. O método gera uma inversão no ciclo da planta, o que possibilita que a maturação e a colheita das uvas aconteçam no Inverno, período com menos chuvas e elevada amplitude térmica. E o esforço já vem sendo reconhecido em premiações internacionais, colocando os vinhos paulistas no mesmo patamar dos melhores produtores do mundo. Em abril deste ano, por exemplo, diversos vinhos de São Paulo receberam medalhas na Decanter Wine Awards 2023, um dos mais respeitados concursos do mundo e onde foram avaliados mais de 18 mil rótulos.
40 vinícolas butiques estão sendo formadas nas regiões de Espírito Santo do Pinhal, São Roque, Jundiaí, Louveira e Indaiatuba.