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Por Rogerio Ruschel
Meu prezado leitor ou leitora, o conceito da Indicação Geográfica – IG como diferenciadora de produtos de qualidade foi sendo construído ao longo da história, e a ideia de sua proteção legal como uma propriedade industrial surgiu quando se percebeu que alguns produtos oriundos de determinadas áreas geográficas apresentavam características específicas, atribuíveis à sua origem, e que precisavam de proteção contra copiadores que não tinham a mesma qualidade do original. O Vinho do Porto (1870), é a primeira IG reconhecida oficialmente no mundo por se assemelhar à mais próxima das regras de proteção em vigor atualmente, especialmente o TRIPS (Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights em inglês ou ADPIC – Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio).
Mas na verdade, há milhares de anos denominações de produtos associados a determinadas regiões geográficas já vem valorizando produtos e comunidades. Veja só esta pesquisa que fiz.
Vinhos de En-Gedi
Os vinhos de En-Gedi são mencionado diversas vezes nos escritos bíblicos, como no Cântico dos Cânticos por exemplo: “O meu amado é para mim como um cacho de flores de hena nos vinhedos de Ein Gedi” (1:14). Hena é uma planta da família das litráceas (Lawsonia inermis L.), com as quais pode ser feito um corante natural. Ein Gedi (tradução literal do hebriaco é Nascente do Cabrito) é um oasis localizado a Oeste do Mar Morto, perto de Massada e das cavernas de Qumran. É conhecido pelas suas grutas e nascentes e de acordo com a tradição judaica, David escondeu-se de Saul em suas cavernas. Um kibutz está localizado a cerca de um quilômetro do oasis com várias atrações turísticas pelo clima local e abundância de água natural que permite cultivar diversos produtos fora da sua época normal. Uvas ainda são produzidas.
Aliás, o vinho faz parte da liturgia cristã representando o sangue de Jesus Cristo – na verdade o próprio Cristo disse na Santa Ceia que “este é o meu sangue”. Mais do que isso, o vinho aparece frequentemente na Biblia Sagrada, mais de 50 vezes, as vezes como parte de festas e banquetes. Cientistas israelenses da Universidade de Ariel, na Cisjordânia, estão tentando recriar este vinho da época de Cristo, de 2.000 anos atrás.
Publiquei isso em 2016, leia aqui: https://www.invinoviajas.com/o-milagre-da-multiplicacao-das-uvas/
Cedro do Líbano
O Cedro do Líbano (Cedrus libani), uma árvore conífera majestosa, nativa das montanhas da região mediterrâea noLíbano,Siria,Turquia e Chipre, é famoso há milhares de anos e até hoje e reconhecido por sua importância. Sua madeira, homogênea e aromática, foi bastamente utilizada na antiguidade pelos Fenícios, para construir as suas embarcações militares e comerciais, bem como para a construção de templos e habitação.
Os Egipcios utilizavam a sua resina na prática da mumificação e vestígios foram encontrados nos túmulos dos faraós. Papiros antigos comprovam a grande comercialização entre o Líbano e o Egito desta madeira distinta. Era ainda costume queimar-se este tipo de cedro em diversas cerimônias solenes: Moisés aconselhava os sacerdotes judaicos a utilizarem a sua casca durante a circuncisão e no tratameto da lepra.
Saiba mais sobre o vinho no Libano aqui: https://www.invinoviajas.com/reflexoes/
Amêndoas de Naxos
Naxos é uma ilha grega, cobhecida na Antiquidade por seus azeites, queijos, vinhos e frutos, entre os quais a amêndoa (Prunus dulcis ) cultivada pelomenos a 4.000 anos. A ilha é famosa também por seus queijos da montanha, feitos com leite principalmente de cabra e ovelha, saborosos e espessos, com sabores diferentes dependendo da época do ano, que atraem compradores locais e europeus.
Dizem que são míticos “os queijos de flores secas ou o queijo azedo de três meses que combina maravilhosamente com uvas doces, a graviera de vaca de 4 meses ou o correspondente ano que amadureceu” como diz um jornalista espanhol. Hoje além do queijo são famosos também os figos de Naxos e as amêndoas também, mas a produção é pequena, bem pequena.
Connheça um curioso vinhedo grego circular aqui: https://www.invinoviajas.com/saboreie-o-santorini/
Vinhos de Corinto
Corinto Nero é atualmente uma uva para vinho tinto de casca escura do Mediterrâneo oriental. É cultivada mais amplamente na Grécia e na Turquia, mas chegou ao oeste até a Itália, especificamente ao nordeste da Sicília e ao Vale do Pó, em Emilia-Romagna, onde é conhecida como Tarmarina. Na Antiguidade era conhecido como um vinho delicioso da Sicilia e acredita-se que esta videira tenha chegado à Sicília provavelmente através da vizinha Messina ou do antigo porto de Siracusa, da Grécia, talvez de Corinto, como sugere o seu nome.
Corinto foi a origem de muitas castas na Idade Média, dando nome à “groselha” seca que hoje conhecemos. No mundo do vinho moderno, as uvas Corinto Nero são usadas principalmente nas ilhas vulcânicas Eólias, na costa nordeste da Sicília, geralmente cobertas na maioria dos estilos de vinho pela denominação Salina IGT. Às vezes também é contado como um componente de mistura menor para a Malvasia no único DOC das ilhas Eólias, Malvasia delle Lipari. Está restrita a uma representação de cinco a oito por cento nestes vinhos, confirmando a sua classificação entre as uvas para vinho italianas mais obscuras e raramente utilizadas.
Saiba mais sobre a uva Malvasia aqui: https://www.invinoviajas.com/conheca-o-vinho-malvasia-que-nasce-na/
Mel da Sicília
A Sicilia, grande ilha da Itália, produz muitos méis de alta qualidade. Entre os diferentes tipos de produção de mel de flores silvestres, muito famoso e característico, está o das montanhas de Iblei, conhecido na Sicília desde o tempo de Virgílio – o poeta romano autor daEneida,nascido nosanos 70 A.C. – com uma cor levemente âmbar que tende à ferrugem, com um aroma vago e agradável de vinagre, agridoce.
Hoje em dia o mel de flores silvestres é produzido em todas as regiões da península italiana. Suas propriedades organolépticas consequentemente variam de acordo com a flora encontrada pelas abelhas. A mesma cor pode apresentar tonalidades características, em relação aos diferentes habitats. A flor silvestre pode ser definida como o mel italiano preferido por excelência, sempre presente nas mesas e na despensa, também para uso na cozinha e em receitas de sobremesas. É recomendado como parte da nutrição de crianças e jovens em crescimento e, de forma mais geral, para o tratamento da cavidade oral em caso de tosse, graças à sua ação descongestionante.
Quer saber mais sobre a Sicilia clique aqui: https://www.invinoviajas.com/?s=sicilia
