Modo de preparo do Queijo Minas Artesanal é agora também um Patrimônio da Humanidade

Tempo de leitura: 3 minutos

Por Rogerio Ruschel

Meu caro leitor ou leitora, há mais de três séculos a maneira como produtores de leite fazem queijo em Minas Gerais é uma tradição que se mantém dos pais para os filhos, com alta qualidade.

Pois esta qualidade e persistência, que já eram reconhecidas como um patrimônio estadual em 2002 e patrimônio Nacional em 2008, acaba de ser reconhecida também pela UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que tornou os “Modos de Fazer Queijo Minas Artesanal” um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

A produção do queijo artesanal mineiro é feita com o leite cru, de forma totalmente manual, sem processos mecânicos, e acontece em 106 cidades do estado e é crucial para a sobrevivência de famílias da agricultura familiar, que são constantemente ameaçadas pela presença e crescimento do agronegócio.

Já temos queijos com Indicação Geográfica e já estamos ganhando concurso com os queijos mineiros como Canastra e Serro (além de outros em todo o Brasil), e agora, no dia 4 de dezembro de 2022 o saber-fazer os queijos artesanais em MG também é reconhecido mundialmente. Os produtores europeus, especialmente os franeses, devem estar ainda mais assustados com nossa agricultura familiar!!!

Atualmente, o Brasil tem como patrimônios imateriais reconhecidos pela Unesco o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (Pará), a arte Kusiwa – pintura corporal e arte gráfica Wajãpi (Amapá), o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão, o Jongo no Sudeste, a Roda de Capoeira, o Frevo como expressão artística do Carnaval de Recife, o Samba de Roda do Recôncavo baiano. São também reconhecidos dois patrimonios de certa forma ligados à culinária: o ofício das paneleiras de Goiabeiras (ES) e o ofício das baianas do acarajé (BA)

Como informa o jornalista Paulo Campos na revista digital “O tempo Turismo”, a proposta de colocar os modos de fazer do Queijo Minas Artesanal surgiu em julho de 2022, por sugestão e mobilização de Roger Vieira, historiador que na época era diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em uma reunião em Paris, para tratar sobre questões relativas ao patrimônio imaterial no mundo, a delegação da Unesco apresentou a necessidade de o Brasil ter uma candidatura a patrimônio imaterial para o ciclo de avaliação 2023/2024, destacando o relevante trabalho feito pelo país ao longo dos últimos 20 anos. Havia vários bens materiais em potencial para uma candidatura. Com a prerrogativa do cargo, Vieira defendeu ferreamente a atual candidatura dos modos de fazer do QMA para representar o país.

Nascia então a candidatura do primeiro bem alimentar brasileiro à Unesco. Esse é um acontecimento histórico e com um detalhe muito importante: Minas Gerais já estava um passo à frente do mundo quando os modos de fazer já tinham ganhado salvaguarda do Estado em 2002. “Por sua trajetória de valorização dos modos de fazer, das pesquisas relacionadas às regiões queijeiras, da revalidação do título a nível federal realizado em 2021, surgiu a sugestão para a Unesco como a mais adequada para o momento”, enfatiza o historiador e pedagogo, que é hoje assessor da presidência do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *