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Para que você pudesse conhecê-lo melhor, entrevistei Francisco Mateus, Presidente da CVRA e João Barroso, Gestor do Plano de Sustentabilidade, que revelam detalhes do projeto com exclusividade para os leitores de In Vino Viajas. Francisco Mateus resume a lógica da decisão: “A nossa visão é sermos uma região com reputação e reconhecimento internacional, onde a produção de vinho salvaguarda o meio ambiente e está sustentada na genuinidade, nas características naturais e ecológicas, na autenticidade e no blend de castas regionais. Assim o Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo é uma opção estratégica em linha com a nossa visão e que, simultaneamente, posiciona a CVRA na vanguarda da aplicação das melhores práticas no sector vitivinícola.” Perfeito, presidente: trata-se de melhorar os negócios; ajudar o planeta e melhorar os negócios.
O Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, pioneiro em Portugal, tem como objetivo proporcionar aos associados – 121 membros que anualmente produzem 48 milhões de litros de vinhos em 20.670 hectares, 42% do volume do Alentejo – uma ferramenta para avaliar seus métodos produtivos e aperfeiçoá-los com melhores práticas (4.000 hectares já participam do Plano de Sustentabilidade). E com isso ser mais eficiente, mais transparente e fazer melhores negócios. Produtores alentejanos de padrão internacional como Sogrape, Carmim, Herdade do Esporão, Herdade do Peso, João Portugal Ramos e Fundação Eugenio de Almeida (Cartuxa) já tem boas iniciativas nesta área; algumas destas histórias já contei aqui, as outras você poderá ler em breve. Vinicultura mais sustentável ajuda a preservar a fauna alentejana, aves (acima) e felinos, como o raro e ameaçado lince ibérico (abaixo).
João Barroso (joao.barroso@vinhosdoalentejo.pt), reponsável pelo desenvolvimento de conteúdos, envolvimento das partes interessadas, implementação, representação, promoção e comunicação do Plano, informa que “o plano é de adesão voluntária e gratuito. O único custo previsto será o associado com uma auditoria de 3ª parte a executar por entidades acreditadas para o efeito, que deverá fazer a certificação e o reconhecimento da implementação do Plano junto de cada membro. Esta certificação apenas será executada quando os membros atingirem o nível estabelecido para certificação/ reconhecimento (Desenvolvido) para todos os Capítulos do Plano (Capítulos de Intervenção Primária e de Intervenção Secundária)”.
A participação dos Associados
Como o desafio dos alentejanos é produzir uvas e vinho de qualidade superior e de forma economicamente viável, ao mesmo tempo em que se protege o meio ambiente e os recursos naturais, perguntei a João Barroso se haveria algum tipo de incentivo para a adesão do plano. Veja a resposta dele: “São vários os incentivos. Primeiramente, a adesão é gratuita, bem como todo o material providenciado, todo o auxilio na implementação no terreno, consultoria, formação, visitas de estudo entre membros do plano (para observação de boas práticas) são gratuitas. São organizadas sessões de trabalho temáticas em áreas identificadas como sensíveis (ex: gestão de água, gestão de energia) que pretendem promover a troca de informação entre pares.”
Barroso continua: “Foram estabelecidas parcerias com várias instituições de I&D e temos uma ponte construída entre a investigação e a industria, já tendo tido vários alunos de Mestrado a executar (neste caso) auditorias de energia em várias adegas do Alentejo, providenciando um relatório final com identificação de oportunidade de melhoria, opções de investimento e períodos de retorno (único custo foi associado com providenciar cama e comida aos alunos). Existe um site de internet do Plano onde estão indicados os membros, dando uma certa visibilidade, e sempre que existem iniciativas do Plano, ao nível nacional e internacional, são convidados alguns membros (selecionados com base na pontuação obtida no Plano) a expor as suas melhores práticas.”
O Alentejo é o celeiro de Portugal e além de alimentos e cereais, é o principal produtor de especiarias como o mel, a cortiça e vinhos. Aliás, a cortiça, produzida pelo sobreiro (acima), é um grande exemplo de sustentabilidade como já mostrei aqui, porque é uma matéria-prima natural, renovável, reutilizável e reciclável.
Além disso o Alentejo, região com muitos rios e com o Alqueva, o maior lago artificial da Europa, é o habitat de muitas espécies de animais locais e migratórias, entre as quais cegonhas, corujas, lontras, veados, lobos e porcos. Na verdade é uma obrigação moral dos atuais moradores preservar a região que vem sendo habitada e preservada há milhares de anos, como testemunham cromaleques como estes da foto acima, que se encontram em todo o Alentejo. Faço um brinde aos portugueses que fazem vinhos cada vez melhores e cada vez mais corretos: tim-tim.
Patos adubadores, morcegos protetores e vinhedos energizadores: tres pequenas grandes ideias para a produção de vinhos mais sustentáveis – http://www.invinoviajas.com/2016/05/patos-adubadores-morcegos-protetores-e-vinhedos-energizadores-tres-pequenas-grandes-ideias-para-a-producao-de-vinhos-mais-sustentaveis/
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Belo conteúdo!