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Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, confesso: eu gosto de trens. Pode ser até infantil querer andar em um meio de transporte geralmente barulhento, lento, demorado e as vezes até poluente, mas os trens tem lá o seu charme turístico. E se eles estiverem integrados a um roteiro encantador, em algumas das regiões vinícolas mais lindas do mundo, é impossivel não gostar. Pesquisei cinco roteiros que vou apresentar para você, aos poucos: a Linha Ferroviária do Douro, Portugal; o Trem do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, Brasil; o Trem do Vinho do Napa Valley, California, Estados Unidos; os trens do vinho das Rutas de Vino da Galicia, Espanha e o Trem do Vinho do Vale de Colchagua, no Chile. Hoje vou apresentar o mais antigo deles, a Linha do Douro.
O Douro, no Norte de Portugal, foi a primeira região vinícola do mundo a ser uma Região Demarcada, em 1756, e sua beleza foi reconhecida pela Unesco, que a tombou como um Patrimônio da Humanidade em 2001. O Rio Douro nasce na Espanha e desagua no Oceano Atlântico nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, depois de percorrer 897 kms. Passeios e cruzeiros no rio para poder ver e fotografar as vinícolas plantadas nos socalcos das colinas ao longo do rio (veja foto abaixo) movimentaram mais de 600 mil pessoas em 2014 – grande parte turistas.
O rio Douro tem importância histórica e estratégica para a indústria de vinhos do mundo e de Portugal e ao longo de pelo menos 2.000 anos foi uma importante estrada natural no norte de Portugal que permitiu o escoamento de uvas e barricas de vinhos do famoso vinho do Porto, desde os tempos dos romanos; na verdade, até o Século XIX o rio era a única via de comunicação na região até a criação de uma linha de trem e de estradas.
A Linha Ferroviária do Douro, com 203 km entre o Porto e Barca d´Alva, foi concluída em 1887 e em grande parte do seu percurso acompanha as margens do rio Douro. Como toda linha ferroviária, teve uma vida tumultuada: trechos foram fechados e reabertos, ramais foram cancelados, a ligação com a Espanha foi encerrada em 1985, algumas estações estão abandonadas, uma parte da linha foi duplicada e eletrificada – o que evita a fumaceira do trem na foto abaixo.
Mas o que importa hoje é que é uma atração turistica em uma das mais lindas regiões vinicolas do mundo. Em seus 203 quilometros os trens passam por 22 túneis e 35 pontes, muitas de tirar o folego, como algumas que mostramos aqui.
O trecho de Porto a Régua leva cerca de 2 horas e 25 minutos, e muitos pacotes turisticos associam trens e cruzeiros fluviais, com paradas estratégicas em vinicolas, restaurantes e regiões de lazer e compras. Veja na imagem abaixo um mapa das linhas na região e alguns dos paineis de cerâmica da estação de Pinhão.
O governo português tem planos para incrementar e internacionalizar a Linha Ferroviária do Douro, mas mesmo assim ela é já é um caminho-de-ferro com comboios que emocionam turistas – crianças e adultos, e que vai emocionar você. Para mais informações sobre os roteiros, preços e horarios, e bom pesquisar no portal de turismo do Douro, em http://www.douronet.pt/default.asp?id=98
Se você gosta de trens, veja minha viahem no topo de um trem, em 2005, no pico dos Andes do Equador (foto acima), na linha férrea Ferrocarril Transandino Nacional, a mais perigosa do mundo: http://www.invinoviajas.com/2013/02/no-teto-do-trem-no-topo-dos-andes-uma-viagem-maluca-no-equador/
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas, gosta de trens e de quem gosta de trens, vinhos e aventuras