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Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, você sabe como funciona uma avaliação de vinhos, como se chega naquelas notas do tipo 91/100 ou 84/100? Se você gosta de vinhos mas não é sommelier(ére) ou enólogo(a), você é um enófilo(a) – e enófilos gostam não só de degustar, mas também de saber o que acontece no “mundo dos vinhos”. Uma das questões que sempre desperta a curiosidade dos leitores aqui do In Vino Viajas é saber como funciona uma avaliação de vinhos. Pois hoje vou contar. No começo de outubro estive em Beja, cidade portuguesa com cerca de 24.000 habitantes que é a capital do Baixo Alentejo, e que realizava sua grande feira anual, a Rural Beja. Além de visitar seis vinícolas (Paço do Conde, Monte da Capela, Herdade Grande, Herdade do Sobroso, Herdade dos Lagos e Ribafreixo), participei como jurado da Vinipax, a maior mostra e competição de vinhos do sul de Portugal.
A edição 2016 da Vinipax reuniu 23 jornalistas especializados da Federação Internacional de Jornalistas de Vinho (FIJEV – International Federation of Wine and Spirits Journalists and Writers) representando 14 países na comissão avaliadora (eu era um deles) que avaliaram mais de 80 vinhos tintos, brancos e fortificados de produtores associados das Comissões Vitivinícolas do Tejo, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve sob a coordenação do conhecido jornalista de vinhos Aníbal Coutinho, Diretor Técnico do evento (foto abaixo).
A sessão foi realizada em inglês, na parte da manhã, e durou cerca de quatro horas – veja o ambiente na foto abaixo. Os jurados ficaram em duplas nas mesas e foram divididos em dois grupos, para que cada um deles sempre esteja julgando um vinho, e o outro, um outro vinho diferente – e depois vice-versa. Evidentemente os vinhos foram identificados apenas por números, e não sabíamos qual rótulo estávamos avaliando.
A ordem de avaliação foi brancos, tintos e por fim vinhos fortificados ou adocicados – cada grupo separado por uma parada de 10 minutos. Antes de cada sessão os jurados degustaram um vinho fora de avaliação e compararam seus achados com os de Aníbal Coutinho, numa espécie de sintonização de avaliações.
Os jurados receberam várias fichas de prova que deviam ser preenchidas e entregues a coordenação. A avaliação obedece tres etapas: Visual, Aroma e Gosto. Na avaliação do Visual, o jurado avalia a Limpidez (e dá nota Zero ou Cinco) e a Tonalidade (notas de Zero a 10).
Na avaliação do Aroma são avaliadas a Pureza (notas Zero ou 10), Intensidade (notas de Zero a 10) e Qualidade (notas de Zero a 10). Por fim o jurado experimenta o vinho para sentir o Gosto que tem quatro aspectos de avaliação: Pureza (notas Zero OU 10), Intensidade (notas de Zero a 20), Persistência (de Zero a 10) e por fim a qualidade do vinho, com notas de Zero até 15). Com esta metodologia de pontuação um vinho que tenha todas as melhores notas em tudo poderá somar 100 pontos – o máximo que um rótulo pode conseguir. Abaixo as fotos dos vinhos brancos e fortificados avaliados.
Ao fim da Terceira etapa (vinhos fortificados, moscatéis e similares), fizemos a foto oficial da comissão julgadora (abaixo) e pudemos conhecer os vinhos avaliados, comparando nossas notas com os produtos reais. Os vencedores foram o tinto Pai Chão, Grande Reserva Regional Alentejano 2013 da Adega Mayor, Campo Maior; o branco Monte da Peceguina, um Regional Alentejano 2015 da Herdade da Malhadinha Nova e nos fortificados o Casa Horácio Simões, um Moscatel Roxo, Superior DOC Setúbal 2005, da Casa Horácio Simões.
A Vinipax 2016 foi realizada na Pousada de São Francisco, um antigo convento transformado em um hotel cinco estrelas (detalhe na foto abaixo). Meus companheiros de comissão julgadora vieram da Alemanha, Brasil, Portugal, França, Espanha, Lituania, Polonia, Israel, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Estonia e Estados Unidos. Do Brasil participaram tres jurados: Euclides Borges, Homero Sodré e eu.
Faço um brinde a Beja, a cidade da Pax romana, que você pode conhecer aqui: http://invinoviajas.com/2016/08/conheca-os-melhores-vinhos-do-sul-de.html