30 fotos e 5 historias de Monsaraz, a vila medieval dos templários no Alentejo que é uma Aldeia Monumento de Portugal

Tempo de leitura: 5 minutos

Por Rogerio Ruschel (*)

Meu prezado leitor ou leitora, a primeira vez que você chora de emoção ao ouvir uma música nunca mais esquece. Foi o que aconteceu comigo na vila medieval de Monsaraz, no Alentejo, no Concelho de Reguengos de Monsaraz, em setembro de 2015. Foi lá, em um restaurante com mais de 700 anos de idade que pertenceu aos Templários, que me emocionei profundamente durante uma apresentação do Cante Alentejano – grupos corais voluntários formados por agricultores – já reconhecido pela Unesco como um Patrimônio da Humanidade. Na foto abaixo o visual do castelo, trecho da muralha e uma estátua na entrada do castelo de Monsaraz que homenageia o Cante Alentejano.

Esta é uma das razões pelas quais meu coração bate por Monsaraz neste momento em que esta vila encantadora recebeu mais mais um título: o de Aldeia Monumento de Portugal, do concurso “7 Maravilhas de Portugal – Aldeias”. Estive lá três vezes e quanto mais a visito, mais descubro seus segredos e maravilhas. Veja nesta matéria algumas fotos que fiz em dezembro de 2016; em algumas delas pode-se ver personagens de um presépio feitos em papier-machê espalhado pelas ruas, valorizando este patrimônio.

Criada a partir de povoação ocupada por visigodos e depois romanos, a vila de Monsaraz teve importância estratégica na historia de Portugal porque fica no alto de um morro e bem perto da fronteira com a Espanha (veja placa acima). Mas hoje tem importância cultural e turística. Povoação com mais de 1.000 anos, foi retomada dos mouros pela primeira vez no ano de 1167 pelos homens do legendário Geraldo Sem Pavor – um caudilho da época da Reconquista que andava por Portugal combatendo os invasores mouros – e finalmente libertada por D. Sancho II com o auxílio da Ordem dos Templários, que por causa disso ganharam a vila de presente do rei em 1232.

Atuamente Monsaraz não é mais dos Templários, é do Concelho de Reguengos de Monsaraz, tem cerca de 800 moradores e é “invadida” anualmente por milhares de turistas, entre os quais muitos brasileiros de bom gosto. Vou considerar 801 moradores para contabilizar o cavaleiro templário Gomes Martins Silvestre, morador de Monsaraz da época de D. Sancho II, cujo túmulo se encontra atualmente na Igreja Matriz de Santa Maria da Lagoa, bem no centrinho da vila. Ele está morto, mas foi um herói e continua “morando” lá. Na foto abaixo, veja olivais e sobreiros antigos e o desenho dos vinhedos na paisagem alentejana, vistos do alto de Monsaraz.

Completamente preservado, charmoso na sua brancura alentejana, sempre limpo e com uma vista espetacular dos campos e do céu do Alentejo, das videiras e olivais e do lago Alqueva, o conjunto medieval intramuros de Monsaraz  é classificado como Monumento Nacional português desde os anos 40 – e não me surpreenderei se em breve seja reconhecido também como Patrimônio da Humanidade pela Unesco – mais um no Alentejo.

Dentro dos muros tudo foi preservado e é possivel encontrar pequenas lojas de artesanato e de produtos regionais como vinhos (com produtos locais, como os da cooperativa Carmim – abaixo), uma loja da vinícola Ervideira, uma meia dúzia de restaurantes – entre eles o Templários, onde conheci o Cante Alentejano em 2015 – pequenos bares charmosos com vista espetacular e algumas pequenas hospedagens.

Monsaraz não tem shoppings e não é permitido andar de carro. A atração é caminhar pelas vielas, ruas e becos descobrindo sua herança medieval e os detalhes de seus muros de pedras, alguns com flores, que se mantém preservados e valorizados. O prefeito de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, me informou que já tem a verba e está iniciando um projeto de recuperação de algumas partes da fortifcação. Fotografar este patrimônio arquitetônico de vários séculos contra um fundo de vale sempre verde e profundo e um céu sempre azulado e brilhante é um privilégio.

É um espetáculo para quem gosta de turismo de qualidade que acrescenta culturalmente, acalma o corpo e revigora a alma – e na verdade que também atende os mais exigentes paldares enograstronômicos… E por falar em espetáculos, muitas apresentações musicais e teatrais são realizadas na arena que você pode ver abaixo, especialmente no mes de Julho, a alta temporada de verão.

Realizado por uma instituição privada com apoios diversos – do governo, de empresas e da emissora de televisão RTP, a iniciativa as “7 Maravilhas de Portugal” é mais uma idéia criativa e civilizada dos portugueses na área de cultura e turismo. Na edição de 2017 o concurso 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias já identificou 49 das 322 candidatas às 7 aldeias mais maravilhosas do país, sendo sete categorias cada uma com sete localidades pré-finalistas. As categorias são “Aldeias Monumento”, “Aldeias Remotas”, “Aldeias Rurais”, “Aldeias Ribeirinhas”, “Aldeias em Áreas Protegidas”, “Aldeias Autênticas” e “Aldeias de Mar”.

Segundo os organizadores, “é a primeira em dez anos que a instituição procura, nas profundezas do país, as aldeias que representem um Portugal que inspira”. Segundo eles, “Queremos demonstrar que o território fora dos centros urbanos é uma fonte de oportunidades num país onde dois terços do território está longe do asfalto e dos arranha-céus”, explica a empresa no site oficial.

Quer conhecer algumas aldeias vinhaterias de Portugal? clique aqui: http://www.invinoviajas.com/2016/03/portugal-valoriza-o-patrimonio-cultural/

Quer saber porque me apaixonei por Monsaraz? clique aqui: http://www.invinoviajas.com/2015/10/lembrancas-da-melhor-regiao-vinicola-do/

(*) Rogerio Ruschel edita In Vino Viajas em São Paulo, Brasil e não se cansou de admirar o grande Alentejo e o lago Alqueva do alto da torre de Monsaraz.

6 Comentários


    1. Fantástico este Portugal que ainda tem tanto a se descobrir. Parabéns pela matéria.
      Sérgio Martins Gala
      Rio de Janeiro

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      1. Obrigado, Sergio. De fato, Portugal tem muito mais a oferecer a quem tem bom gosto.
        Abs, Rogerio

        Responder

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