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Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor ou leitora, o enoturismo no Brasil envolve os patrimônios culturais, gastronômicos, históricos, religiosos, estéticos, artísticos, naturais e arquitetônicos de mais de 5 milhões de pessoas de cerca de 150 localidades e municípios em cerca de 40 regiões de 10 Estados brasileiros. De fato, não é pouca coisa e não existe só na serra gaúcha. Acima: paisagem do Vale dos Vinhedos da Pousada Borghetto Sant’Anna, em foto de Gilmar Gomes. E parece que 2018 será o ano em que o enoturismo – o turismo ligado à cultura do vinho e das comunidades nas quais se produz esta bebida – finalmente receberá alguma atenção e compromisso de políticos, entidades e órgãos de governo de maior expressão. E a Feira Internacional de Turismo de Madri – a gigantesca Fitur, que se realizará de 17 a 21 de janeiro de 2018 – será a primeira vitrine do nosso enoturismo que pretende se posicionar no mapa mundial do segmento.
Isto já é resultado do convênio feito pelo Instituto Brasileiro do Vinho – Ibravin e pelo Instituto Brasileiro de Turismo – Embratur, que assinaram um protocolo de intenções (foto acima, da revista Panrotas) para executar ações conjuntas voltadas à promoção e comercialização do Brasil como destino turístico no mercado internacional. Segundo Vinicius Lummertz, presidente da Embratur, “O grupo de trabalho pode gerar ações concretas como a realização de workshops entre produtores e operadoras de Turismo que comercializam rotas turísticas de vinhos, além da criação de um hotsite e publicações sobre o segmento, que tem um potencial em ascensão no país”.
Na imagem acima resumo do que atrai visitantes a um território vitivinicola da Itália. Este convênio se insere no contexto de mobilizações como a da Frente Parlamentar de Defesa e Valorização da Produção Nacional de Uvas, Vinhos, Espumantes e seus Derivados, presidida pelo Deputado Federal Afonso Hamm, e da Frente Parlamentar da Fruticultura e Vitivinicultura do Rio Grande do Sul, presidida pelo Deputado Estadual Elton Weber, que realizaram uma audiência pública sobre o assunto, em Brasilia, com a presença, inclusive, de Ivane Fávero, presidente da Aenotur – Associação Internacional de Enoturismo. Já antes disso, em 2016 pesquisadores criaram o Cepavin – Centro do Patrimônio e Cultura do Vinho, instalado no Núcleo de Estudos Agrários do Departamento de Geografia da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, “criado a partir de diversos projetos já desenvolvidos pela UFRGS em parceria com a Chaire UNESCO Cultura et Traditions du Vin” como me disse em entrevista um dos criadores, o professor Vander Valduga.
Nos países vitivinicolas mais desenvolvidos há muito tempo o enoturismo já deixou de ser entendido como um produto menor ou de nicho, porque associa cultura, natureza, gastronomia, museus, história e até mesmo arquitetura diferenciada (na foto acima, fachada da Vinicola Irius, da Espanha, criada para atrair visitantes). Além, é claro, de atrair volumes muito representativos de turistas. Alguns números de enoturistas (visitantes com foco exclusivo no enoturismo) refletem isso:
- 2,7 milhões de visitantes somente nas rotas de vinhos, na Espanha, em 2016
- 15 milhões de visitantes somente no Napa Valley, nos Estados Unidos, em 2015
- 14 milhões na Itália em 2016
- 10 milhões na França em 2015
- Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, registrou cerca de 400 mil visitantes em 2016Quadro acima: brasileiros são os principais visitantes a vinicolas de Portugal, segundo a Turismo de Portugal, na frente do Reino Unido e de paises europeus vizinhos. Considerando esta preocupação com o assunto, apresento alguns comentários sobre o que eu, como consultor e jornalista especializado, que estuda o que acontece nesta área no mundo inteiro, acho que deve estar na agenda do Brasil. Entre outros assuntos, lembro:
Agenda do enoturismo no Brasil – o que precisamos
- Reconhecimento da importância da atividade por parte dos players diretamente envolvidos
- Reconhecimento da importância da atividade por governantes e formadores de opinião
- Politicas públicas de incentivo a toda a cadeia produtiva do enoturismo
- Politicas privadas de incentivo – linhas de financiamento e suporte a investimentos
- Um programa específico de pesquisas para avaliar e propor ações
- Treinamento e profissionalização permanentes e em diversos níveis para toda a cadeia produtiva
- Um modelo estrutural, um modelo organizacional e um código de governança de destinosNa foto acima, o Centro da Cultura do Vinho em Rioja, Espanha – também criado para atrair turistas.
- Comunicação eficiente entre os diferentes atores públicos e privados envolvidos na atividade
- Valorização dos diferentes níveis de conhecimento, identidade e diferenciação de destinos de turismo vinícola
- Falta criar uma entidade que reúna poder público (MTUR, estados e municípios), academia e iniciativa privada (vinícolas, hotéis e hospedagens, museus, restaurantes), com independência ideológica, funcional e institucional
- Falta criar um observatório que gere dados confiáveis de relevância operacional e apresente ideias de inovação tecnológica, cultural e institucional neste novo segmentoNa foto acima, este editor ajudando Carlos Raimundo Paviani, diretor do Ibravin (de camisa azul), a promover os vinhos brasileiros e pesquisar atividades enoturisticas na região dos Vinhos Verdes, em Portugal, em 2015.
Vamos trabalhar, vamos construir? Brindo a este futuro.
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Parabéns!!!! Para nós que estamos ingressando no turismo rural é de suma importância que toda a cadeia seja impulsionada!!!!
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Olá, precisamos sempre pensar na cadeia produtiva do turismo, no cluster econômico e social, sem abrir mão do patrimônio cultural.
Obrigado pelo prestigio da leitura. Abraços, Rogerio
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Uma das poucas autoridades que fala com total domínio da materia!!! meus parabens pelo teu vasto conhecimento Enocultural!!
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Olá Maria Elena. Obrigado pelas palavras, vamos em frente avaliar nossas vantagens e limitações para fazer cada vez melhor.
Abraços, Rogerio
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Muitos Parabéns ROGERIO RUSCHEL, bom trabalho
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Obrigado, Pepe.