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Por Rogerio Ruschel (*)
Praga tem uma arquitetura que considero kafkafiana: confusa, criativa, inventiva, assim como o escritor nascido em Praga – o que você vai ver nas fotos de fachadas e prédios deste post, como abaixo.
Praga é realmente uma cidade muito interessante. É diferente de outras cidades européias pela história, cultura, idioma, arquitetura – pela cor.
Paris é esverdeada por causa dos parques e bronzes urbanos; Roma é escurecida pelo tempo; muitas cidades francesas como Bordeaux e Saint Emillion e cidades espanholas tem cor de argila (que é ótimo para o terroir dos vinhedos) veja abaixo, visual de Sanit-Emillion; as cidades suiças são brancas ou azuis e muitas cidades italianas tem a cor dos mármores que utilizam – tipo assim cor de Duomo…
Mas Praga é avermelhada (veja a foto abaixo), talvez por causa dos telhados das casas, mas também porque me parece que os tchecos gostam de cores vibrantes.
Praga é criativa, colorida, simpática, fácil de se locomover, não é hostil ao turista – desde que você consiga se comunicar falando ingles ou tcheco. Mas acho que o traço mais marcante de Praga é sua “cara art-noveau”: a cidade inteira é surpreendente, como nas fotos abaixo.
O Art Nouveau é um estilo de arte, arquitetura, mobiliário e arte aplicada que se tornou muito popular entre o fim do século XIX e o começo do século XX. Veja esta porta gigantesca, abaixo, comigo e minha mulher como referências.
Talvez o grande influenciador do estilo tenha sido o artista tcheco Alphonse Mucha, quando em janeiro de 1895 produziu um pôster de propaganda para a peça Gismonda com Sarah Bernhardt, que apareceu nas ruas de Paris – veja abaixo.
O poster popularizou um novo estilo artístico, inicialmente denominado Style Mucha e logo conhecido como Art Nouveau, que em francês significa “arte nova”.
Trata-se de um estilo inspirado por formas e estruturas naturais, flores e plantas, linhas curvas e ambiente natural. Isto é o que a História da Arte ensina, mas pessoalmente acho que a Art Nouveau se trata de uma manifestação antecipada do que veríamos muitas décadas depois, nos anos 1960: uma arte psicodélica sem saber disso, hippie sem artistas “bicho-grilo”, “chapada”, mas não de LSD, talvez de absinto – que, aliás, você encontra com grande facilidade em Praga.
A Art Nouveau foi mais popular na Europa, mas sua influencia foi global. O estilo ficou conhecido como Jugendstil, na Alemanha (“estilo da juventude”), Arte Moderna na Rússia, arte Secessão na Áustria-Hungria e como Stile Liberty na Itália. Foi amplamente adotado na propaganda, como se vê nos cartazes abaixo, de Theóphile Steilein, Manuel Orazie e Mucha.
Art Nouveau também era o estilo de artistas e intelectuais como Gustav Klimt, Charles Rennie Mackintosh, René Lalique, Antoni Gaudi (como na Casa Batló, em Barcelona, abaixo) e Louis Comfort Tiffany, cada um dos quais interpretou o estilo de sua própria maneira.
Mas a grande estrela certamente foi Alphonse Mucha (retratado abaixo), e a cidade mais art-noveau do mundo é Praga. Um brinde a isso, caro leitor.
Em outro post você pode ver como a art noveau se apresenta nas obras de arte urbanas de Praga. Acesse
(*) Rogerio Ruschel – rruschel@uol.com.br– é jornalista de turismo e consultor especializado em sustentabilidade e foi a Praga por conta dele mesmo.
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Não obstante as fotos serem bastante boas, a analogia entre as cidades aqui referidas são obtusas
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