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Por Rogerio Ruschel (*)
A uva sempre acompanhou homem – e o vinho e a medicina sempre estiveram próximos. Papiros do Egito antigo e tábuas dos antigos Sumérios (cerca de 2200 a.C.) já traziam receitas baseadas em vinho, a mais antiga prescrição médica documentada. O grego Hipócrates (460-370 a.C.) considerado o pai da medicina, incorporou o vinho no tratamento da maioria das doenças agudas e crônicas e os filósofos Sócrates (470-399 a.C.) e Aristóteles (382-322 a.C.), que não eram médicos, recomendavam o vinho como um “um grande facilitador da alegria de viver”.
Louis Pasteur (1822-1895) foto abaixo, o criador da primeira vacina contra a raiva e da pausterização – que evita que o leite, queijos e o vinho causem doenças – dizia que “O vinho pode ser de direito considerado como a mais higiênica das bebidas.”
Sabe-se que o vinho apresenta diversas substâncias antioxidantes em sua composição, mas os polifenóis – flavonóides, taninos, catecinas, resveratrol – são os mais estudados, veja o infográfico abaixo.
Já está comprovado por dezenas de pesquisas que o consumo moderado do vinho ajuda a memória, reduz o estresse emocional, reduz o risco de doenças cardíacas, protege contra disfunções neurológicas, aumenta a longevidade e até mesmo previne a cárie dentária. Pois agora cientistas descobriram que o vinho inibe o crescimento de células de câncer de pulmão. A uva tinta (abaixo, um cacho de uva brunello), é rica em resveratrol.
O feito foi de pesquisadores das Universidades de Brocke McMaster, de Ontário, Canadá, que publicaramem maio de 2014 na revista “Cancer CellInternational” um estudo mostrando evidências de que o vinho tinto tem fortes propriedades anticancerígenas por ser uma rica fonte de resveratrol. O câncer de pulmão é uma das mais gravesdoenças humanas, responsáveis por mais de um milhão de mortes por ano em todo o mundo. Livros como o ilustrado abaixo vem documentando científicamente a relação do vinho com a medicina.
Baseado na documentação sobre as propriedades medicinais do vinho, a equipe decidiu medir o impacto de vinhos tintos e brancos em células com câncer de pulmão. Ambos os tipos devinhos pararam a propagação do câncer, mas os tintos foram mais eficazes. Segundo Evangelia Litsa Tsiani (foto abaixo), professora associada de Ciências da Saúde da Comunidade da Universidade de Brock, e uma das autoras do relatório, “Nossa hipótese é que o conteúdo fenólico total, que é muito maior no vinho tinto,pode ser responsável por estes resultados”.
O próximo passo é a realização de ensaios clínicos em ratos porque as evidências foram obtidas em células de câncer de pulmão em laboratório. “Nosso próximo passo é usar variadas doses de vinho correspondentes a um consumo moderadopor seres humanos em ratos com tumor cangerígeno e avaliar osresultados. Se de fato verificarmos uma redução significativa no crescimento do tumor, então teremos uma forte evidência para justificar um estudo clínico em pacientes humanos com câncer.” disse a pesquisadora.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e acredita nas qualidades medicinais do vinho