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Por Rogerio Ruschel (*)
A Itália – assim como a França, Espanha e Portugal – respeita e valoriza muito suas pequenas comunidades, que, mesmo que atualmente estejam passando dificuldades econômicas, ainda são a maioria das comunas e representam verdadeiramente as “raízes”, o depositário dos valores culturais do povo, de seu modo de vida, de seus alimentos, de seu modo de pensar o mundo.
Nestes países da Peninsula Ibérica os municípios costumam se associar para fazer promoção conjunta ao atrair turistas (o que se torna mais economico e mais eficiente) formando redes como “Associação de Cidades Felizes”, “Cidades Floridas”, “Cidades do Azeite”, “Vilarejos históricos” e assim por diante.
A Associazione Nazionale Città del Vino foi criada em 1987 em Siena, na Toscana italiana, basicamente com o objetivo imediato de preservar a imagem de cidades-sede de produtores vinícolas sérios, num momento em que o excesso de álcool metanol em alguns vinhos provocou o envenenamento de 19 vitimas fatais e muitos feridos em fevereiro daquele ano, em um escandalo de proporções nacionais.
Hoje a entidade tem perfil técnico, institucional e promocional e reúne uma rede de 482 comunidades associadas (e alguns produtores) – a grande maioria pequenos vilarejos, com até 6.000 moradores – que produzem excelentes vinhos e operam o melhor enoturismo. O editor deste blog, Rogerio Ruschel, entrevistou Paolo Saturnini, ex-presidente da Associazione e criador do movimento CittasLow em abril de 2012 – veja em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/07/cittaslow-revolucao-de-gestao-publica.html
Além da podução do vinho, estas cidades tem no turismo uma das mais importantes atividades econômicas: a Associazone oferece 140 “estradas do vinho”, 4.000 albergues (com 142.000 leitos), 1.500 fazendas agroturísticas (com 18.000 leitos), 188 campings e milhares de restaurantes de todos os portes. A rede é responsável por 200.000 hectares de vinhedos de qualidade, que representam 80% dos vinhedos italianos com classificação DOC e DOCG. No mapa abaixo você pode ver quais foram as 20 mais destacadas provincias italianas em enoturismo em 2012, resultado do somatório de vários fatores.
A Associação faz uma pesquisa anual junto a seus associados, denominada “Osservatorio sul Turismo del Vino”. Nas próximas semanas In Vino Viajas vai publicar vários posts sobre este relatório para compartilhar com os leitores – muitos dos quais são operadores de enoturismo no Brasil e exterior. Aqui neste post vamos destacar a importância da internet na promoção turística.
No relatório número 11, relativo a 2013, fica clara a importância da internet e dos blogs de turismo. Veja no primeiro quadro abaixo (“raggiungiere l’azienda”): a internet é a fonte responsável por 89,2% da preferência (escolha) dos turistas que chegam aos hotéis de agriturismo – fazendas, pousadas, albergues e similares, como a fazenda na foto abaixo. Depois vem a recomendação boca-a-boca (passaparola), com 74,9%.
O outro quadro, de “promozione territoriale”, mostra que o site da prefeitura na internet é o maior responsável pela promoção territorial e atração dos turistas (88,3%), seguido pelos pontos de informação turística. Mas aqui pode existir um “viés de pesquisa”: esta é a opinião dos prefeitos das cidades e eles evidentemente entendem que o mais importante é o site da prefeitura (mantido por eles), e não outros sites na internet, como os blogs de turismo. Mas quem costuma pesquisar estes sites de prefeituras sabe que a grande maioria deles está focada na prestação de serviço para os moradores, o que faz sentido. De qualquer maneira não há dúvida: o grande canal de promoção turística é de fato a internet – e entre eles os blogs independentes de viagem, como o In Vino Viajas.
In Vino Viajas vai destacar outros aspectos desta pesquisa da Associazione Nazionale Cittá del Vino nas próximas semanas. Mas se estiver com pressa acesse o site da Associação em
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e gosta muito das pequenas cidades com seu povo simples, afetuoso e seus grandes valores éticos universais.