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Por Rogerio Ruschel
Meu querido leitor ou leitora, conforme relatório recentemente divulgado pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) – que agora tem como presidente a brasileira Regina Vanderline – o Brasil está em 14º no ranking mundial de produtores de vinhos, com 340 milhões de litros produzidos em 2017. Segundo a mesma fonte, já no ranking de maiores bebedores de vinhos, o Brasil está em 17º lugar, com 330 milhões de litros consumidos pela população, o que seria aproximadamente 1,7 litro per capita ao ano, ou mais ou menos duas garrafas. Por esta conta, em 2017 teriamos 196 milhões de brasileiros.
Quer dizer: produzimos 340 milhões e consumimos 330 milhões – mas faltam mais dados: importação e exportação.
Segundo o cadastro vinicola do Ibravin/Mapa/Seapi-RS disponivel no site do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), em 2017 o Brasil importou 126 milhões de litros de vinhos e espumantes. Supondo que importamos o produto para beber e não para re-exportar, isso elevaria nosso consumo para 330 milhões mais 126 milhões = 456 milhões de litros por ano, que dividos pelos 196 milhões de brasileiros da conta da OIV, daria um consumo per capita de 2,36 litros de vinho por cabeça, por ano.
Finalmente parece que ultrapassamos a barreira dos 2 litros por pessoa! Será que ultrapassamos? Pode ser que sim, mas este número pode ter restrições, por causa de variáveis que “podem variar”, tais como:
- Nosso volume de exportações não está contabilizado. Não é um volume expressivo – a Wines of Brazil divulga 1,6 milhões de litros no primeiro semestre de 2018 mas não é um níumero fechado. Será que é a diferença entre os 340 milhões produzidos e os 330 milhões consumidos da OIV? Isso daria 10 milhões, mas não conta os 1126 milhões de litros importados do Ibravin. Enfim, ainda bem que não sou economista, apenas um apreciador e jornalista!
- Outra variável é a quantidade de vinhos importados que entram sem contabilidade, sem registro, sem pagar impostos, pelas aduanas dos aeroportos (os famosos 10 litros por pessoa – e são milhares as pessoas que os trazem); os gaúchos que com muita frequencia atravessam as fronteiras rodoviárias da Argentina e Uruguai com zero por cento de controle e também trazem muitas caixas de vinhos;
- Sabe-se também que muitas familias produzem seus próprios vinhos de mesa no Brasil, o tal vinho colonial. Isso não tem controle formal, se algum fiscal mal-humorado quiser pode dar cadeia, mas aos poucos esta produção invisivel está se formalizando com a possibilidade de enquadramento das pequenas vinícolas familares ao regime tributário do Simples – essa sim, uma conquista do Ibravin. Alguém pode argumentar que é pouco, mas um pouco de cada pode dar um muito no final, não?
- As estatísticas regionais do Ibravin, que consolidam apenas os vinhos produzidos no Rio Grande do Sul, como se no resto do Brasil não fossem produzidos vinhos e espumantes. Estima-se que no Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil sejam produzidos entre 12 e 14 milhões de litros de vinhos tranquilos e espumantes. Então, se fossem 14 milhões, nosso consumo iria para quase 2,5 litros por cabeça por ano
- Certa vez alguém me falou sobre contrabando de vinhos na fronteira sul do Brasil, onde grupos de larápios estariam atravessando rios ou rodovias com enormes cargas de vinhos chilenos, argentinos e uruguaios para abastecer comerciantes sem consciência. Não tenho certeza da existência disso, mas se a França que é a França vem desbaratando dezenas de gangues de larápios falsificadores e atravessadores de vinhos espanhois nas fronteiras, porque isso não poderia estar ocorrendo por aqui?
- Além disso, segundo o IBGE informou esta semana, já somos 206 milhões de brasileiros…
Os maiores consumidores de vinho por ano são os portugueses, com 58 garrafas por pessoa ao ano. Em seguida vem os franceses, com 54 garrafas, os italianos com 50, e os suíços, com 44 unidades consumidas, em média. Os dados são da OIV. Estamos a léguas destes grandes conusmidores, mas de qualquer maneira aí estão alguns cálculos livres, para que possamos pensar. Talvez o Brasil devesse calcular direitinho seus números e oferecer ao mundo.Na minha opinião, já ultrapassamos a barreira dos 2,5 litros por cabeça, por ano. E continuamos acelerando os tratores…