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Desde que o conheci, o Alentejo mora no meu coração, ma ainda falta conhecer belezas como o cais palafítico de Carrasqueira, aldeia ribeirinha no Estuário do rio Sado, que se estende centenas de metros rio adentro e é utilizado pelos pescadores diariamente , retratado na foto de António Laranjeira, acima. O Alentejo é uma região no sul de Portugal com planícies que se estendem do litoral até as serras de São Mamede e do Caldeirão, já na fronteira com a Espanha, ocupando cerca de um terço do território continental português – veja o mapa abaixo.
Com uma história de mais de 5.000 anos, o Alentejo tem inúmeros vestigios de ocupação pré-histórica – como o curioso Cromeleque do Xerex, perto de Monsaraz, construído cerca de 3.000 A.C., abaixo.
Alentejo foi um província romana importante – e do latim surgiu nosso idioma; foi ocupado pelos árabes que deixaram na região muitos depoimentos arqueológicos como castelos, pontes e mesquitas; foi reconquistada e se tornou independente, com grande participação da Igreja quando várias ordens religiosas se tornaram os maiores proprietários de terras onde produziam vinhos e sobreiros, árvore da qual se faz cortiça para tampar garrafas – abaixo, cena rural em Alqueva, com sobreiros.
No Alentejo estão alguns dos atrativos turísticos mais interessantes de Portugal, tanto no litoral, com praias que sempre atraem portugueses, como as cidades de Évora (veja foto abaixo das muralhas da cidade) e Elvas – ambas tombadas como Patrimônio da Humanidade da Unesco.
La estão também cidades que certamente estarão em qualquer roteiro de viagem na região como Évora, Beja, Portalegre, Reguengos de Monsaraz e Monsaraz – esta com uma de suas ruas retratada por Antonio Caeiro, abaixo.
Turistas brasileiros certamente vão perceber semelhanças arquitetônicas com cidades litorâneas brasileiras; como exemplo, veja abaixo uma foto de António Laranjeira da Praça Marquês do Pombal, na freguesia Porto Corvo, vilarejo litorâneo do concelho de Sines, no Alentejo – não poderia estar em Paraty-RJ ou em alguma praia de Florianópolis?
Mas o Alentejo é também o maior produtor mundial de cortiça, que é feita a partir da casca do sobreiro, uma árvore de porte médio que é uma das riquezas naturais da região. Portugal, com 725.000 hectares de área plantada com sobreiros, produz cerca de metade da produção mundial que foi de cerca de 360.000 toneladas em 2011 – e quase tudo isso vem do Alentejo (veja abaixo uma foto da árvore e o mapa de plantio).
Pois foi nesta região, a menos de 20 minutos de Évora e 70 minutos do aeroporto de Lisboa, que foi implantado o Ecorkhotel – Évora, Suites & Spa, o primeiro hotel totalmente revestido com cortiça do mundo, que você vê abaixo.
Embora seja utilizada na decoração e como revestimento acústico e térmico em várias indústrias (como automobilística e de calçados), a cortiça nunca tinha sido aplicada na hotelaria deste jeito – e o local deveria realmente ser aqui, na fonte do produto, a região dos sobreiros.
O hotel foi todo pensando para ser sustentável no uso de energia, água, climatização e outros recursos. Com classificação 4 estrelas, oferece o que se deve esperar de um hotel moderno e teconológico: suites com Wi-Fi, frigobar e banheiro privativo – algumas com varanda e cozinha – e mordomias como piscina coberta, sauna, banho turco e massagens, ar-condicionado, TV de tela plana a cabo e restaurante de qualidade.
Então, meu caro leitor, se você ainda não conhece o Alentejo, agora tem mais uma razão.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e ama o Alentejo
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