Tempo de leitura: 3 minutos
Por Rogerio Ruschel (*)
É claro que você sabe, meu caro leitor: no mundo dos vinhos, a marca Veuve Clicquot é uma das mais conhecidas, mais tradicionais, mais valiosas e mais respeitadas. A empresa foi fundada em 1772 em Reims, Champagne, França, por Philippe Clicquot-Muiron e seu trabalho de marketing permanente de mais de 200 anos é reponsável por associar a champanhe ao sucesso, à vitória, e consequentemente torná-la a bebida escolhida ela nobreza e burguesia européia – e depois, do mundo. Particularmente, acho sensacional o slogan da Maison: “Apenas uma qualidade, a melhor”!

François Clicquot, filho de Philippe, casou-se com Nicole-Barbe Ponsardin em 1798 e ambos assumiram os negócios. Mas o pobre François morreu em 1805 e a viúva (“veuve” em francês) Nicole-Barbe assumiu e dinamizou os negócios: até aquele momento, a companhia dividia suas atividades entre a produção de champanhe, serviços bancários e comercialização de lã, mas sob comando de Madame Clicquot (a belezura da foto abaixo), a veuve Clicquot, a companhia concentrou seu foco inteiramente na produção de champanhe.

Foi ela também que modernizou a produção da bebida quando em
1811 estabeleceu o método “champenoise” de produzir champanhe,
através da técnica de “remuage” – quer dizer, girar as garrafas um pouco todos os dias. Este processo – creditado a Madame Clicquot com a ajuda de seu mestre de adega Antoine de Müller – consiste em um riddling rack (inclinação gradual das garrafas até a vertical), que permite o dégorgement(degolação ou eliminação) de restos de levedura e sedimentos do vinho perto do gargalo, e que depois de retirado permite a purificação da bebida. A foto abaixo dá uma idéia de como as garrafas repousam no escurinho, aguardando a remuage…

Madame Clicquot morreu em 1866 deixando uma bem estabelecida marca de champanhe que anos mais tarde foi rebatizada em sua homenagem. A marca Veuve Clicquot utalmente possui 390 hectares de vinhedos de alta qualidade e faz parte do grupo Louis Vuitton Moet Hennessy de artigos de luxo desde o ano de 1987.
A champanhe da viúva Clicquot sempre foi exportada para todo o mundo. Em 2010 foram descobertas várias garrafas produzidas entre 1782 e 1788 pela Veuve Clicquot em um navio naufragado no mar Báltico, entre a Finlândia e a Suécia, e se constatou que as rolhas de cortiça as tinham mantido intocadas por mais de 200 anos. (foto abaixo)
Esta boa noticia sugeriu uma boa idéia à empresa e em 18 de julho de 2014 Dominic Demarville, chefe da cave da Veuve Clicquot
decidiu realizar um experimento inovativo de envelhecimento de champanhe, com forte impacto promocional em termos globais.
A empresa convidou especialistas, jornalistas e autoridades do mundo do vinho e depois de brindar com uma das garrafas recuperadas do naufrágio e com outras que comemoravam o evento, um guindaste submergiu um engradado com garrafas Cave Privée no escuro e frio fundo do oceano – veja as fotos de abertura, acima e abaixo.
As garrafas ficarão por 40 anos a 42 metros de profundidade no oceano, em um lugar vigiado no arquipélago Arland, na Finlândia, em uma temperatura constante de 4 graus e uma pressaão de 5 bars. Com certeza as garrafas ficarão muito bem obrigado, em mais esta aventura submarina da empresa da viúva Clicquot.
Um brinde aos herdeiros da viúva.
(*) Rogerio Ruschel é um jornalista brasileiro, enófilo e “champanhófilo”