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Por Rogerio Ruschel, enviado especial, exclusivo para In Vino Viajas
Meu estimado leitor ou leitora, são 8:30 hs da manhã, um friozinho de 14o.C na rua me incomoda as orelhas, o nariz e o pescoço. Entrei no hall, mostrei meu crachá de Painelista, furei a fila de entrada, entrei no salão e fiquei impressionado. Melhor: fiquei maravilhado! Uma enorme e simpática sala de cinema, uma raridade urbana hoje em dia, com 900 poltronas estofadas, luz indireta, um calorzinho bemvindo, com um palco enorme e bem decorado, lotado por centenas de pessoas interessadas em produtos com Indicação Geográfica (IG) de todo o país, que promovem o desenvolvimento sustentável de base local. Maravilha: o Brasil que pensa em seus patrimônios e seus valores já lota um cinema! Vou repetir: centenas de pessoas interessadas no desenvolvimento sustentável de base local reunidos em um salão, outra raridade.
O dia é 28 de agosto de 2024, o local é o cinema Palácio dos Festivais de Gramado-RS onde há mais de 50 anos se realiza o mais importante Festival de Cinema do Brasil, ambiente no qual nos proximos três dias seriam feitas cérca de 20 palestras de especialistas, entre os quais eu mesmo, apresentando uma palestra sobre “O valor global do produto local”.
Começou assim, me surpreendendo positivamente, o primeiro dos 4 dias do Connection Terroirs do Brasil 2024, o maior evento de produtos de Origem e Indicações Geográficas do país, do qual participaram representantes de 13 estados brasileiros e palestrantes da Argentina e Portugal. Organizado pela Rossi & Zorzonello (Marta Rossi e Eduardo Zorzonello, realizadores também do já famoso evento FESTURIS) e pelo Sebrae-RS (Amanda Bonotto H. Paim e equipe), o evento continuaria me surpreendendo até o último dia.
E se você ainda não sabe o que é uma Indicação Geográfica, anote: é um selo aplicado a produtos que apresentam uma qualidade única, relacionado a características naturais, geográficas (solo, vegetação, terroir) e humanas (cultivo, manufatura, saber-fazer) que indicam de onde são provenientes, sua origem e identidade; como eles têm que respeitar regras de uso, a denominação dos dois tipos no Brasil (IP – Indicação de Procedência e DO – Denominação de Origem) funciona como um certificado de qualidade. Temos cerca de 135 IGs no Brasil e estes produtos querem ser “os novos orgânicos” do país.
Palestras pela manhã
No período das manhãs o auditório lotado recebia palestrantes. Mesmo que você não seja “do ramo” de Indicações Geográficas vai reconhecer a qualidade dos autores:
- HIGOR FREITAS – Gerente Executivo da APROCAN, a Associação dos Produtores de Queijo Canastra
- HULDA OLIVEIRA GIESBRECHT – Coordenadora Negócios de Base Tecnológica e Propriedade Industrial do SEBRAE Nacional
- MABEL GUIMARÃES – Gestora Estadual das Indicações Geográficas do SEBRAE Paraná
- DANIEL PANIZZI – Presidente UVIBRA, a União Brasileira de Vitivinicultura e CEO da Vinícola Don Giovanni
- MARIA ISABEL DE TOLEDO ANDRADE CUNHA – Chefe do Escritório Regional Sul do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)
- ROGÉRIO RAUPP RUSCHEL – Jornalista, professor, conferencista, escritor e especialista em marketing e comunicação, autor de nove livros; editor do In Vino Viajas
- BERNARDO IBARGOYEN – Empreendedor, fundador da PMPRS – Plataforma que valoriza produtores com escala limitada de alta qualidade, e idealizador do Projeto Produtores Gaúchos Unidos RS
- MARCOS LIVI – Chef com restaurantes no sul e em São Paulo como o Veríssimo, Quintana, Brique, Napoli, Central e FFBurguer
- KÁTIA MULLER – Gestora dos Programas Pró-Pantanal e Territórios Empreendedores do SEBRAE Mato Grosso do Sul
- DR. JEAN-LOUIS LE GUERROUÉ – Professor da Universidade de Brasília
Além destes, destaco as apresentações de três funcionários públicos de primeiro escalão que me impressionaram muito porque, como você sabe, muitas pessoas costumam criticar “gente do governo” mesmo quando não conhecem seu trabalho. Pois estes três realmente são profissionais qualificados e interessados:
- RONALDO SANTINI – Secretário de Desenvolvimento Rural, que foi Secretário Turismo do Estado do Rio Grande do Sul
- MILTON ZUANAZZI – Diretor de Projeto do Ministério da Reconstrução do Rio Grande do Sul, que foi Secretário Nacional de Planejamento, competitividade e Sustentabilidade do Turismo no Ministério do Turismo
- MIGUEL CAMPO DALL ORTO EMERY DE CARVALHO – Coordenador-Geral de Propriedade Intelectual no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
Atividades pela tarde
Na parte da tarde, o evento se realizava na Rua Coberta, uma área em frente ao Palácio dos Festivais que foi transformada em um grande salão com uma dúzia de restaurantes e onde aconteciam várias atividades entre as quais um espaço para o lançamento de livros, uma cozinha para show-cookings com chefs regionais que utilizavam os produtos expostos e mais de 70 estandes de produtos locais com degustações, conversas de negócios e muita confraternização. Meu querido leitor ou leitora, visitei os estandes de 51 entidades gestoras de produtos com Indicação Geográfica de todo o país e 20 estandes de expositores da agricultura familiar, além de um grande estande do Estado do Rio Grande do Sul.
Para saber quais foram os produtos com Indicação Geográfica expostos veja no quadro no fim deste artigo.
Entre os lançamenrtos de livros estavam autores nacionais e regionais. Fui o primeiro da fila, bo dia 29 de agosto, onde autografei meu livro ”O valor global do produto local” para mais de 40 pessoas. Os outros autores foram:
- 17h30: Paulo Geremia (Di Paolo 30 Anos: Alegria à Vontade. Dalla Serra Gaúcha al Brasile e al Mondo!)
- 14h30: Rita Gil + Vera Fisch (Imagens e Emoção)
- 16h30: Sebastião Fonseca de Oliveira (Antigos Povoadores de Gramado / Memória das Fazendas Serranas I / Memória das Fazendas Serranas II)
- 17h30: Marco Ferreira (La Cueva – A Caverna / A Flecha do Tempo / Alfonso)
Segundo os dados fornecidos pelos organizadores – a Rossi & Zorzonello e o Sebrae – cerca de 100 mil visitantes estiveram na cidade entre os dias 29, 30 e 31 de agosto. Não acredito que todos tenham visitado os estandes da Conncetion Terroirs 2024, mas os corredores estavam lotados todos os dias, o frio da serra gaúcha abriu espaço para um calorzinho agradável, todo mundo trocou cartões e compartilhou ideias e estavam felizes. Até porque depois do horário dos eventos bastava sair caminhando para percorrer as ruas porque estávamos na bela Gramado, considerada uma das mais importantes cidades turísticas da América do Sul. Então, se você perdeu este ano, aproveite a edição de 2025 que vai se realizar em maio.