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Por Rogerio Ruschel (*)
Vinhedo na região holandesa, Provincia do Cabo Ocidental
Algumas das atrações turísticas mais interessantes da África do Sul estão na Provincia do Cabo Ocidental, no extremo sul do continente africano, mais de 1.200 quilometros de Joanesburgo. “Descoberta” pelo navegador holandes Jan Van Riebeeck em 1652, a Península do Cabo oferece mais de 100 praias de areia branquinha, montanhas e vales lindos e verdejantes, jardins botânicos e reservas ecológicas. Parece clichê, meu caro leitor, mas é verdade.
Cidade do Cabo
Na Província estão também a Ilha Robben (onde Mandela esteve preso), o Cabo da Boa Esperança (é, aquele que você aprendeu na escola, que os navegadores “dobravam”, onde o Oceano Atlântico se encontra com o Oceano Índico), o Cabo das Agulhas e as Rotas Vinícolas (veja abaixo). Além, é claro, da Cidade do Cabo (Cape Town), uma das mais bonitas que já conheci. Visitei a Ilha Robben – Patrimônio da Humanidade pela UNESCO – e é chocante ver que Nelson Mandela ficou por mais de 20 anos lá dentro e saiu pregando paz e amor, sem revanchismos!
A cela de Nelson Mandella na Ilha Robben
Fundada por holandeses em 1652 como ponto de abastecimento de navios da Companhia Holandesa das Indias Orientais, Cidade do Cabo é o mais importante porto e a segunda maior cidade do país, com 3,8 milhões de habitantes. Prédios de arquitetura histórica holandesa e inglesa convivem com mesquitas muçulmanas e arranha-céus modernos, em um belo vale cercado de montanhas pretas e verdes e praias com areias brancas.
Victoria & Alfred Waterfront, em Cidade do Cabo, com a Mountain Table ao fundo
A primeira impressão, por causa da Mountain Table (Montanha da Mesa) e do litoral, é que a Cidade do Cabo lembra Rio de Janeiro, com duas diferenças: as praias de lá são muito frias e a mata tropical carioca é mais exuberante – e, é claro, o Rio de Janeiro é mais bonito! (Isso sem falar nas mulheres brasileiras que dão de 10 a Zero). Na cidade pode-se visitar jardins botânicos, bibliotecas, museus e galerias, mercados de flores e de artesanato popular, além das lojinhas e restaurantes do cais Victoria & Alfred, um lugar onde passei quase um dia inteiro comendo frutos do mar com vinhos brancos sul-africanos. Visitei também uma praia onde pinguins são preservados e passei por algumas pequenas comunidades ao redor da Peninsula.
Mas o passeio mais bonito na cidade, sem dúvida nenhuma, é a Montanha da Mesa, onde, depois de pegar um teleférico moderno e espaçoso, chega-se a uma altura de 1.067 metros e se pode ver toda a beleza da cidade e da região, em práticamente 360 graus.
Vinhos: uma herança holandesa
Ok, OK, Cidade do Cabo é bonita, mas eu queria conhecer um pouco mais sobre o vinho sul-africano. A sudoeste e não muito longe da Cidade do Cabo estão as Rotas Vinícolas nos distritos de Paarl, Stellenbosch e Franschhoeck, cortadas por rodovias (como a Rota 62) e estradas sinuosas em vales charmosos (como Breede River Valley e o Klein Karoo) cercados por montanhas verdes.
Vinhedos na região holandesa do Cabo Ocidental
São verdadeiros cartões postais nos quais se vê os vinhedos dos principais produtores dos bons vinhos do país, em cidades como Barrydale, Montagu, Ashton, Bonnievale, Tulbach, Paarl e Wellington. Embora oficialmente existam várias Rotas do Vinho, no conjunto se trata da rota de vinho mais longa do mundo.
Restaurante em Seldelberg, Paarl: mordomia total!
Nesta Provincia são cultivados mais de 100.000 hectares de vinhedos e produzidos vinhos em mais de 340 adegas e propriedades. Em Paarl ficam várias cantinas da KWV; dizem que o nome Paarl (Pérola, em holandês) vem do fato de que depois das chuvas os pedregulhos de granito da montanha brilham como pérolas.
Solar holandês histórico
As cantinas têm programas de degustação e venda de vinhos brancos das cepas Chenin Blanc, Colombard, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling e Semillon e das cepas tintas Cabernet Sauvignon, Pinotage (uma variedade que é quase exclusiva da África do Sul), Merlot, Shiraz e Pinot Noir.
Adega típica: um convite à degustação
Em Stellenbosch – fundada em 1679 e uma espécie de capital do vinho no país – está a loja do Tio Samie, uma instituição comercial com quase 200 anos que oferece antiguidades, curiosidades, produtos usados e produtos naturais. Na cidade fica a sede da Associação da Cooperativa de Vinicultores, ou KWV, que tem 5.000 acionistas produtores ou comerciantes de vinho. É uma cidade simpática, pequena e bonita, pedindo para você passear pelas ruas com carvalhos alinhados, e talvez a que tenha preservado melhor a arquitetura holandesa no país.
Vinhedos em Franschhoeck: magia por todos os lados
Voltei para Cidade do Cabo alegre pela beleza e levemente sonolento pelas degustações ao longo do caminho. Dormi na van e sonhei com isso. Brindemos ao sono dos felizes, caro leitor, e até o próximo post, “Vida selvagem: luxo e mordomia na África do Sul”. Sawbonna, meu caro – que em zulu quer dizer “minha alma pode ver sua alma”.
e 14% em áreas de preservação.
stas brasileiros foFotos: arquivo pessoal, Great Wine Capitals Global Network e South Africa Tourism
Saiba mais sobre a África do Sul em
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Adorei! Tenho muita vontade de ir à África do Sul, mas com tempo para fazer essa rota dos vinhos – que tanto pelas suas fotos, como fotos que eu já tinha visto, é encantador!
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