Como o vinho inspirou 10 personalidades da cultura universal como Hemingway, Hipócrates, Churchill, Alighieri, Oscar Wilde, Lorca, Eurípides e outros

Tempo de leitura: 6 minutos

Por Rogerio Ruschel (*)

Meu caro leitor: assim como você e eu, alguns dos mais importantes personagens da história da Humanidade (como Ernest Hemingway, acima e abaixo) gostavam de vinho e deixaram como legado grandes contribuições inspiradoras para a civilização, como por exemplo estas frases que reuni abaixo.

“O vinho é a coisa mais civilizada do mundo” (Ernest Hemingway)

Antes de ser um escritor famoso, Hemingway foi correspondente de guerra em Madri durante a Guerra Civil Espanhola (1936/1939), época em que começou a beber vinhos de qualidade que o inspiraram a escrever sua primeira grande obra, “Por quem os sinos dobram”. Ganhou vários prêmios, entre os quais o Pulitzer (1953) e o Nobel de ˜Literatura (1954). Casou quatro vezes – e sem querer ser fofoqueiro, talvez esta tenha sido a razão para se suicidar nos Estados Unidos, em 1961.

“Para saber a origem e qualidade do vinho não há necessidade de beber todo o barril” (Oscar Wilde)

Irônico como poucos, o irlandês Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde (acima) teria dito esta frase para afirmar que o conhecimento deve ser calmo, lento, gradual, sem pular etapas. Autor do badalado romance “O retrato de Dorian Gray” e poeta com uma vida social bastante agitada, caracterizada pelas atitudes extravagantes, Wilde acabou preso e foi condenado a dois anos de prisão com trabalhos forçados, por “cometer atos imorais com diversos rapazes”. E isto não é fofoca, é história. Dizem que por causa disso morreu logo depois em Paris, em 1900. Talvez tenha bebido todo o barril, nunca se sabe…

“O vinho semeia poesia nos corações” (Dante Alighieri)

Quando Alighieri (acima, com Virgilio no Inferno, em tela de Delacroix) tinha apenas 12 anos, sua família impôs seu casamento com Gemma Donati, prática comum naqueles tempos na Itália e em Florença, onde viviam. Ele teve pelo menos três filhos com a tal Gemma, mas o que entrou mesmo para a história foi aos 18 anos ter conhecido Beatrice Portinari, que se tornou o motivo e o tema da poesia e da própria vida do poeta. Com a morte da musa, Alighieri mergulhou na filosofia e na política, estudou medicina, perdeu disputas politicas e militares com o papa, foi exilado de Florença e morreu fora de sua terra natal em 1321. Sua principal obra, a Divina Comédia, é uma das obras-primas da Humanidade, e foi escrita no italiano vulgar da Toscana (e não em latim como os eruditos escreviam), e provavelmente bebendo muito daquele vinho “vulgar” da Toscana, que hoje chamamos respeitosamente de Chianti…

“In Vino Veritas” (Plínio, o Velho)

Esta deve ser a frase mais repetida em ambientes de consumo de vinho. Plínio, o Velho ( 23 D.C – 79 D.C.) o mais importante naturalista romano, autor de “Naturalis Historia”, uma bojuda coleção de textos sobre o mundo natural, com 37 volumes! A frase virou um provérbio latino, que significa algo como “no vinho está a verdade”, talvez relacionado com a capacidade de vinho para desinibir as pessoas e fazê-las dizer a verdade.

“Quanto mais você envelhece, mais quente o vinho fica; ao contrário de nossa natureza, quanto mais vivemos, mais frios vamos ficando” (Lope de Vega)

Félix Lope de Vega y Carpio (acima), poeta e dramaturgo espanhol falecido em 1635 foi autor de 426 comédias e 42 autos além de centenas de poemas. Ele pirou de vez quando ficou viuvo: tornou-se padre, foi nomeado oficial da Inquisição e ficou famoso pelos vários casamentos, inúmeras aventuras amorosas extra-conjugais e escandalosos romances – mesmo sendo padre. Ou seja: dá para ter uma idéia de como ele realmente gostava de vinho e procurava se aquecer…

“O álcool me deu mais do que me tirou” (Winston Churchill)

Considerado um dos maiores bebuns da história, o primeiro ministro britânico que combateu o nazismo na Segunda Grande Guerra, também foi jornalista e escritor, tendo recebido o Prêmio Nobel de Literatura. As citações de Churchill, mesmo as mais geniais, sempre precisam ser analisadas em seu contexto, mas de qualquer maneira, pelo balanço de vida de Churchill, é bastante provável que um bom copo de vinho – e um bom charuto – tenham sido mesmo muito importantes, dando mais do que tirando.

“Onde não há vinho não há amor” (Eurípedes)

Eurípides (acima), um dos mais importantes poetas gregos (morto em 406 A.C.), nos legou esta citação. Na Grécia antiga o vinho era considerado um elixir afrodisíaco; na verdade desde os tempos antigos o vinho tem sido associado com amor,  sensualidade e erotismo. Até hoje os publicitários buscam construir essa ligação do álcool com a sexualidade. Mas sejamos honestos: quando publicitários falam de vinho, o ambiente é romântico, mas quando falam de cerveja, é bandalheira mesmo, sacanagem da grande. O que, cá prá nós, revela bastante o caráter de cada bebida.

“Gostaria de ser feito de vinho para poder beber até a mim mesmo” (Federico García Lorca)

Exagerado este rapazinho, não? Amante de vinhos de renome, o poeta e dramaturgo espanhol Garcia Lorca de Granada (morto em 1936), cantou várias odes ao vinho em sua extensa obra literária. Socialista, homossexual e pintor, foi também compositor e pianista, amigo do cineasta Luís Buñuel e do pintor Salvador Dali. Pois é, parece que realmente gostava de vinho e bebia sempre bem acompanhado.

“O vinho é uma coisa maravilhosamente apropriada para o homem, quando administrado com habilidade e uma boa medida” (Hipócrates)

O grego Hipócrates (acima), falecido em 377 A.C. e considerado o Pai da Medicina, sabia o que estava dizendo. Sua obra se caracterizou por rejeitar a superstição e as práticas mágicas da “saúde” primitiva, estabelecendo critérios e métodos científicos. Ele tinha razão: hoje centenas de pesquisas demonstram os benefícios do vinho para a saúde, quando bebido com parcimonia. Em homenagem a Hipócrates, nunca faça com o vinho o que alguns fazem com a cachaça, jogando fora um pouquinho, “para o santo”,  porque isso é superstição. E vinho custa caro…

“Eu bebo porque eu tenho vergonha. Vergonha do que? De beber “(Antoine de Saint-Exupéry)

Esta frase está na principal obra O Pequeno Príncipe de Antoine Saint-Exupéry (acima). Não ia fazer comentários, mas não resisto:  meu caro leitor, você é eternamente responsável pela taça que te cativa….

(*) Rogerio Ruschele4dita este blog a partir de São Paulo, Brasil, onde também costuma brindar a grandes clássicos da literatura, ciência e arte universais

2 Comentários


  1. Parabéns, Ruschel, o Grêmio não joga hoje então penso no Gre-Nal dia 1o de março tomando uma cerveja … Um show tua viagem pelos comentaristas elegantes do vinho. Eu, particularmente, aprendi italiano para ser como Dante Milano, carioca, que citava Dante e Petrarca de cor… Me disse certa feito um poeta gaúcho conhecido… Na sociedade italiana, em Porto Alegre nos anos 90, me embrenhava pela biblioteca antes da aula (porque depois não dava! Uma colega do horário posterior ao meu chegava de saia curta e subia as escadas esvoaçando tecidos e eu ficava ali lendo poesia italiana até ela chegar!). Então li Dante exaustivamente, Petrarca, Pasolini , Leopardi e outros. Me surpreendeu a opinião gay do Lorca. O li muito na juventude. Poeta irresistível. Mas ninguém é perfeito. Como diria Andy Warhol: "Muito gay pro meu gosto"… Teria mais para comentar mas sigo no seu próximo post!

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  2. Obrigado pelo prestigio e pelas palavras, Padua. Teu bom gosto para coisas belas deve ter vindo de berço, mas foi devidamente incrementado na biblioteca da escola e na escada da biblioteca. Isto me lembra de algumas ocasiões no colégio Rosario, que no meu penultimo ano abriu pras gurias: em certas ocasiões valia a pena esperar perto do bebedouro do centro acadêmico (casualmente embaixo da escada), em vez de sair correndo para pegar a saida do Bom Conselho… Um brinde a Dante, Petrarca e outros companheiros de escadaria! abs

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