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Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor ou leitora, o Baixo Alentejo – que reúne 14 Municipios do Distrito de Beja e 4 municípios do Distrito de Santarém – é uma das regiões de Portugal que atravessam o país, unindo o Oceano Atlântico à Espanha. É uma das regiões mais fotogênicas de Portugal, por causa das grandes planícies multicoloridas na primavera e amareladas no verão; pela presença de dolmens e outros testemunhos arqueológicos; pela arquitetura histórica de 2.000 anos, especialmente visigótica, romana e mourisca (como a Sala do Capitulo do Museu Regional de Beja, acima e abaixo); pelos bosques de sobreiro – as árvores que produzem a cortiça – e pelo litoral com belas praias e atividades portuárias.
Beja, a capital do Baixo Alentejo, é uma cidade de 22.000 habitantes com a economia baseada na agricultura, turismo e indústria. Com uma historia que começou cerca de 400 A.C. com os Celtas, foi uma importante fortaleza chamada de Pax Julia pelos Romanos durante 600 anos, depois foi habitada por Suevos, Alanos e Visigodos. Além disso, como quase todo o país, esteve por mais de três séculos sob domínio árabe – quando surgiu o nome Beja – e em 1162 foi finalmente reconquistada pelos cristãos.
Desta longa historia permanecem testemunhos arquitetônicos que constituem algumas das atrações turisticas, como a igreja Matriz de Santa Maria da Feira, a Torre do Relógio, o Castelo de Beja, o Pelourinho, o Arco Romano (conhecido também como Porta de Évora, acima), a Ermida de Santo André (abaixo) e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Além destes o Jardim Botânico e o Parque da Cidade também são atrativos para passeios de carro, bicicleta ou a pé – aliás tem um roteiro para pedestres no Centro Histórico que percorre os caminhos da água na cidade.
Beja foca na qualidade de vida de seus moradores. Uma biblioteca especializada em historias em quadrinhos, ilustrações, cartuns e cinema de animação e o investimento para ser uma referência nacional em sustentabilidade até o ano de 2020, são bons exemplos. E é nesta cidade que se realiza outra grande atração turística: a feira RuralBeja – e dentro dela, o concurso de vinhos mais importante do sul de Portugal, o Vinipax.
A RuralBeja ocupa os pavilhões do Parque de Feiras e Exposições da cidade com eventos paralelos como o Salão do Cavalo (com destaque para o famoso cavalo lusitano – foto abaixo – do qual descende o cavalo manga-larga brasileiro), os salões de Natureza à Mesa e das Tasquinhas (sobre a gastronomia regional), exposição e seminários Entre o Sequeiro e o Regadio (espaço para a agricultura de qualidade), a Festa Brava (com atividades de demonstração de toureio a cavalo e também exposições, workshops e debates). 50.000 pessoas participaram da RuralBeja em 2017.
Outros salões são sobre o Turismo, o Artesanato, a Avibeja, a Canibeja, atividades de Caça e Pesca, e ainda shows com artistas nacionais e regionais e apresentações do Cante Alentejano, uma das grandes manifestações culturais identitárias de Portugal, reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Até o crachá da Vinipax é criativo, veja abaixo.
Em 2017 a RuralBeja foi realizada entre 5 e 8 de outubro, mas este ano não teve o concurso da Vinipax, apenas a exposição – aliás, bastante ampla, com 43 expositores, dos quais dois representavam outros paises: a Espanha e a Moldávia. Na foto abaixo, José Antonio Lameira Silva (de camisa escura), funcionário da Câmara Municipal de Beja que coordena o Vinipax, me apresentando a Simion Croituru, dirigente dos Vinhos da Moldávia, que participou pela primeira vez com um estande na feira.
Participei do evento como jornalista, e com outros 20 jornalistas de 12 países visitamos duas das atrações turísticas mais conhecidas da cidade: o Castelo de Beja e o Museu de Beja. Na foto abaixo, o grupo de jornalistas membros da FIJEV – Federação Internacional de Jornalistas e Escritores do Vinho, na escadaria do Museu de Beja.
O Castelo de Beja apresenta características típicas de uma fortificação portuguesa, embora as suas origens remontem à era romana. Foi modificado e ampliado ao longo dos séculos e utilizado pelos árabes essencialmente como posto defensivo contra os Portugueses que acabariam por reconquistar Beja no século XIII.
A torre de menagem – um dos elementos mais notórios do castelo, a direita, na foto acima – foi mandada erguer pelo Rei D. Dinis em 1310 e é considerada um dos mais importantes exemplos da arquitetura medieval do país. (Não, não subi na torre…)
Apesar de ter sido implantada num local já ocupado por humanos desde os tempos pré-históricos e que é citada em escritos de Políbio e Ptolomeu datados do séc. II A.C., a fortificação do Castelo de Beja foi construída durante a invasão da Península Ibérica pelos romanos.
O Museu Rainha Dona Leonor (também conhecido como Museu Regional de Beja) foi implantado nas dependências do antigo Convento da Conceição e tombado como Patrimônio Nacional desde 1922 – nas fotos acima e abaixo a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. O museu documenta as diferentes culturas, que da pré-história à atualidade se desenvolveram na região, com destaque para o Núcleo Visigótico, a Coleção de Pinturas, a Arqueologia (com peças da pré e proto-história alentejana), machados de pedra polida, lápides da Idade do Bronze e do Ferro, cerâmicas e programas educacionais.
Construído a partir de um pequeno retiro de freiras contíguo ao Palácio dos Infantes, o Convento de Conceição pertencia à ordem de Santa Clara e do espaço primitivo fazem parte a Igreja, o Claustro e a Sala do Capítulo. Veja as fotos aqui e em outros locais da reportagem.
Certamente Beja e a região oferecem muitas atrações e você vai descobri-las aos poucos. Minha sugestão é visitá-la nos meses com calor mais ameno, talvez no outono e no inverno em Portugal. Até lá, brindo a este povo alegre e empreendor.
Saiba mais sobre Beja em http://www.invinoviajas.com/2016/08/conheca-os-melhores-vinhos-do-sul-de/
Veja como foi a Vinipax 2016 aqui – http://www.invinoviajas.com/2017/01/conheca-os-bastidores-de-uma-avaliacao-de-vinhos-acompanhe-comigo-o-que-aconteceu-na-vinipax-2016-em-beja-alentejo-portugal/
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BEJA, LOCAL MARAVILHOSO….TEVE TAMBÉM A PRESENÇA DO POETA INCONFIDENTE DR. TOMÁZ ANTONIO GONZAGA, 1779/1782, ANTES DE PARTIR PARA O BRASIL, (VILA RICA, MINAS GERAIS). E O CAMINHO QUE NOS DEU A PISTA PARA A DECODIFICAÇÃO DA ASSINATURA HEPTAGONAL DO SALVADOR FERNANDES ZARCO, CODINOME CRISTOVÃO COLOLMBO
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Adoro Beja, Marco Antonio. Abraços