Tempo de leitura: 8 minutos
Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, vou contar uma historia que começa triste mas tem um final muito feliz – a historia da dona Odete Bettú Lazzari (foto acima) e sua corajosa família de mulheres. Era uma vez uma pequena propriedade na Linha São Jorge, uma comunidade no interior do município de Garibaldi, vizinha do Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, na qual vivia uma família de agricultores de origem italiana que vivia da produção e venda de uvas e leite. A região era linda (foto abaixo) e todos vivivam felizes.
Além disso ao mesmo tempo se pensava em internalizar o turismo, isto é, aproveitar o fluxo de turistas que já visitavam as vinícolas grandes na cidade e outras atrações urbanas da região, o que de fato aconteceu. Hoje, quinze anos depois, o roteiro é um grande sucesso de crítica e público, muito bem organizado e sinalizado – e por isso mesmo muito frequentado.
Pois é, meu caro leitor ou leitora, quinze anos se passaram, e este não é o final, mas já é feliz. Hoje a Osteria della Colombina é reconhecida no Brasil e exterior e serve de exemplo em programas de Turismo Rural na Agricultura Familiar. Dona Odete e suas filhas recebem grupos de até 35 pessoas que se emocionam com a experiência criativa, simpática e autêntica oferecida na Osteria, como degustar refeições típicas de imigrantes italianos (foto acima) em ambiente único, numa mesa comprida, no porão da casa da família, que ainda tem um piso de “chão batido“ (veja abaixo).
Só para você ter uma ideia dos dotes culináros da familia, anote: como minha visita foi individual e fora do horário de almoço, dona Odete teve que “improvisar”, cozinhando “algo simples”. Este “algo simples” da dona Odete começou com uma polenta brustolada na chapa como entrada (foto abaixo), acompanhada de alguns embutidos, capeletti in brodo e um risotto fantástico.
O cardápio official servido para os visitantes (R$ 60,00 com vinho da casa) inclui estes pratos acima e mais: carne lessa – carne de galinha caipira e gado cozidas na água com temperos não revelados. Na continuação tem salada orgânica e deliciosa, uma porção generosa de nhoque de tres queijos com salaminho defumado; uma galinha ao molho vermelho de tomate da casa; carne de panela assada a moda antiga com bacon e salame – daquelas que tem sabor de panela realmente antiga – e uma fortaia, um tipo de omelete colonial italiano – veja na foto abaixo.
E mais: dona Odete oferece aos visitantes uma sobremesa natural execepcional: muitos doces, geleias e compotas de frutas e sorvete de limão siciliano feito em casa. Meu caro leitor ou leitora, é simplesmente divino! E ainda existem receitas antigas resgatadas pela família, como a moranga recheada (foto abaixo), que fazem sucesso até mesmo além mar e que não pude conhecer!
Como bons empreendedores a familia Bettú Lazzari já está “exportando” produtos como vinhos familiares (com uvas Montepulciano, Corvina e Malbec, ótimos, por sinal), tempero, doces de frutas como uvas, citricos, ameixas, pessegos, peras, figos, marmelos – em pasta, geleias, compotas e conservas, tudo feito com matéria prima orgânica produzida em casa – e certificada. Veja foto abaixo uma amostra. Dona Odete me disse que “aqui tudo saiu de nossa cabeça, pensamos coletivamente, nada é feito sozinho porque somos de uma familia de Cremona, da Itália” – com forte sotaque de quem sempre falou o italiano de Veneto, hoje chamado de talian.
Mas as cinco mulheres tem outra magia de encantamento: convidam o visitante a participar da “Oficina Mãos na Massa”,a oportunidade do turista preparar sua própria “Colombina”, uma pombinha feita de massa de pão que repousa em uma embalagem tipo caixa de fósforo que as familias italianas faziam desde o sempre, para envolver as crianças na produção do pão nas familias. Tem gente que chora – e com razão, porque é um gesto simples mas cheio de significados de momentos que nnao conseguimos ter nas cidades grandes. Dona Oete me confessa: “Lidamos com o emocional das pessoas, os visitantes passeiam, fotografam, conversam, ouvem historias, ficam de duas a tres horas aqui, se emocionam, muitos choram escondido…”.
O roteiro, que sozinho já justifica uma visita a a Osteria della Colombina, oferece passeios entre pomares, vinhedos, hortas certificadas orgânicas, animais domésticos, belas paisagens, agroindústria, uma pequena vinícola de sonho e um museu familiar. A ideia, como me disse a dona Odete, é que o visitante se sinta em harmonia com este lugar como nós nos sentimos”.
É necessário agendar a visita para viver esta emoção. Mais informações podem ser obtidas no fone (54) 3464 7755, em http://www.estradadosabor.com.br/odete_bettuou pelo e-mail
(*) Rogerio Ruschel é editor de in Vino Viajas em São Paulo, mas quando pode vai para a serra gaúcha para poder viver a verdadeira vida de quem sabe viver.
Em janeiro de 2018 estive na Osteria com minha mulher Sonia visitando a dona Odete, em companhia do professor Vander Valduga e de sua esposa Lea. Veja a foto abaixo.
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COMPLIMENTI, si, si, una bella storia dei nostri TALIANI.
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Quê beleza, Ruschel
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Rogerio Ruschel, agradecemos e o cumprimentamos. De fato, a D. Odete e suas filhas são fantásticas! Pessoas do bem!
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I una bella storia di vida! Grazie Moacir
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Obrigado, Padua – a familia é excelente! Abraços
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Obrigado, Ivane. A Estrada do Sabor é um projeto vencedor e os participantes, como a familia da D. Odete, são pessoas do bem.
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Que emocionante a historia dessa familia , obrigada por nos proporcionar conhecer esse exemplo a ser seguido! Abraços querido amigo!
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Obrigado, Suzana, é uma bela historia mesmo. E nosso pais está cheio de historias assim, embora a imprensa prefira destacar os massacres, a ladroagem e a parte negra da sociedade. Abraços, Rogerio
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