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Por Rogerio Ruschel (*)
Semana passada participei, em São Paulo, da elegante, deliciosa e irretocável apresentação dos “50 Grandes Vinhos Portugueses para o mercado brasileiro”. Trata-se da segunda edição de uma grande ideia promocional da Vinhos de Portugal no Brasil. Os 50 rótulos foram selecionados por Dirceu Vianna Júnior (abaixo), brasileiro radicado em Londres (executivo da importadora e distribuidora de vinhos Coe Vintners e consultor de vinícolas), único Master of Wine sul-americano e de fala portuguesa.
Vianna degustou cerca de 460 garrafas de vinhos oriundos de todas as nove regiões vitivinícolas de Portugal e selecionou 50 rótulos que jornalistas, sommeliers, chefs e comerciantes convidados puderam conhecer. Oito dos rótulos foram degustados em sugestões de harmonização durante o almoço no Restaurante Leopolldo Jardins, entre brancos (alvarinho, arinto e moscatel) e tintos das castas touriga nacional do Douro – a belíssima região de enoturismo (foto abaixo) – trincadeira do Alentejo e baga de Bairrada.
Obviamente fazer esta seleção é uma tarefa complicada, mas Vianna afirma que foi muito cuidadoso. “Tenho confiança de que não deixei passar nenhum vinho sem ter demonstrado o devido respeito por cada garrafa. Em certos casos, garrafas foram separadas e degustei esses vinhos várias vezes, para ter certeza”. A seleção incluiu vinhos com foco no mercado brasileiro, com alternativas para todos os gostos e bolsos – vinhos com preço final entre R$ 45,00 e R$ 600,00: 24% dos rótulos tem menos de R$ 100,00; 33% deles entre R$ 100,00 e R$ 200,00; 14% dos selecionados tem entre R$ 200,00 e R$ 300,00 e apenas 19% tem preço sugerido para o consumidor final acima de R$ 300,00.
Jorge Monteiro, presidente dos Vinhos de Portugal (foto abaixo), ressaltou a importância dos vinhos portugueses no Brasil: ocupando a terceira posição, a expectativa de produtores e importadores é que já em 2013 Portugal possa ocupar o segundo lugar como fonte de vinhos estrangeiros no país. Além de reforçar as vendas (estima-se um aumento de 25% em vendas nos próximos três anos), o evento teve como objetivo, segundo Monteiro, “reforçar a imagem de Portugal como país de excelentes vinhos, com qualidade consistente, de uma enorme diversidade de aromas e sabores e uma ótima relação custo-benefício.”
O que é uma absoluta verdade. Todos os vinhos que provei, evidentemente, eram ótimos. Mas recomendarei para meus amigos e leitores pelo menos tres deles. O primeiro é um tinto, o Passadouro Touriga Nacional 2010, da Quinta do Passadouro Sociedade Agrícola, do Douro (abaixo), com notas de frutas pretas, suavemente doce, amadeirado sem exageros, com aromas de ervas e chá preto e que apesar de jovem é atraente e bem estruturado. O final na boca é excelente – fiquei com desejo de “quero mais”. Veja também abaixo a cor vibrante da uva touriga nacional.
O outro é um branco em embalagem bem charmosa (veja a foto). Trata-se do Muros do Melgaço, um vinho verde Alvarinho Monção e Melgado, safra 2011 (veja a cor da uva, abaixo) da Anselmo Mendes Vinhos, um clássico. Produzido voltado para o sul, com influência do oceano atlântico, tem boa acidez, e as esperadas notas de frutas cítricas, com textura cremosa. Pode ser guardado por 10 anos. Gostei do final de boca bastante refrescante e mineralizado.
O terceiro é um vinho que acompanhou a sobremesa – uma cocada com dadolata de abóbora e sorvete de paçoca. Provei duas sugestões de harmonização, mas me encantei com o Bacalhôa Moscatel Roxo, produzido em 2001 pela Bacalhôa Vinhos de Portugal na Península de Setúbal, com uma maravilhosa cor dourada. Depois de ficar oito anos em barricas de carvalho de 200 litrosservidas a whisky, se apresentou doce, rico e bem equilibrado, com um final delicado – acho que foi feito para acompanhar cocadas com abóbora feitos no Brasil… Veja abaixo a cor da uva e o Bacalhôa degustado.
Veja a lista completa dos 50 vinhos selecionados por Dirceu Vianna Júnior em http://www.winesofportugal.info/pagina.php?codNode=123312
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e apreciador de vinhos portugueses