Conheça a videira com 500 anos da Quinta do Louredo, na rota dos vinhos verdes, Portugal, que resistiu a Napoleão, à filoxera e a duas grandes guerras

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Por Rogerio Ruschel (*)

Como você sabe, meu caro leitor ou leitora, Portugal é um país com rica e antiga tradição de produção vinícola: no país existem cerca de 285 castas de uvas vitis vinífera nativas que (com outras castas) vem sendo utilizadas para produzir vinhos desde que naquele território viviam fenícios, gregos, cartagineses e romanos. Pois uma das mais antigas videiras do mundo, com idade estimada entre 480 e 500 anos (fotos acima e abaixo) fica no noroeste de Portugal, em Santa Leocádia de Geraz do Lima, cerca de 10 quilometros de Viana do Castelo – região dos deliciosos vinhos verdes. 

 

Conheci esta videira imponente e fiquei impressionado com seu porte, o tronco enrugado, a área de cobertura, o desenho dos galhos a vitalidade das folhas, que lhe dá um aspecto de grandeza e a transforma em uma bisavó de outros exemplares na região. Na foto acima a videira quatrocentona com suas videiras “tataranetas” e na foto abaixo ela oferece sombra para mais de 20 participantes de um congresso internacional de enoturismo.

 

Segundo Angelina Campos (com este repórter, na foto abaixo), coordenadora do Solar do Louredo e da Quinta do Louredo, proprietários deste patrimônio biológico e cultural, a velha videira – que não tem nome próprio nem documentação definitiva sobre a idade – é da casta Doçal, também conhecida por Borralho na região de Viana do Castelo. Segundo estudiosos, “é uma casta tinta de qualidade média, pouco produtiva e irregular dada a susceptibilidade a doenças criptogâmicas, e rústica. Dá origem a vinhos de cor rubi a vermelha granada, de aroma pouco acentuado, encorpados mas sem qualidade. No passado esta casta era muito útil para ajudar o vinho a obter mais corpo”. Veja na foto abaixo: ela é tão pesada que foi necessáro construir uma estrutura de aço para sustentá-la.

 

Existem pelo menos outras três videiras muito antigas na mesma propriedade, mas a considerada como a mais antiga é esta da foto. Ela seria também a mais antiga de Portugal, e teria resistido aos caprichos de todos os proprietários da área, além da primeira invasão de Napoleão Bonaparte que passou bem próxima à região e a duas grandes guerras mundiais. Como a árvore não está enxertada seu pé é franco, e com o tempo criou resistências às pragas e sobreviveu até mesmo à filoxera que devastou a Europa a partir do ano de 1860 e chegou bem perto desta região de Portugal. Na foto abaixo um dos produtos da Quinta do Louredo que homenageia a velha vinha. Brindo a ela porque se trata de uma digna sobrevivente – e de uma casta bastante rara. 

 

É em Portugal que fica também a mais antiga árvore produtora de cortiça do mundo, a “The Whistler Tree”(árvore do assobio, porque em sua copa se abrigam muitos pásssaros). Este sobreiro tem 231 anos comprovados e ainda é um magnífico produtor de cortiça: na safra de 1999 ela rendeu 825 quilos de cortiça, o suficiente para produzir 100.000 rolhas para garrafas de vinho, 25.000 % mais do que uma árvore comum! In Vino Viajas vai apresentá-la para você, mas por enquanto veja só um retrato da veterana corticeira aqui abaixo.

 

De fato, a contribuição de Portugal para a cultura do vinho universal está viva e se torna mais importante a cada dia!
Conheça um vinhedo com 200 anos na França que virou patrimônio cultural em http://www.invinoviajas.com/2014/11/vinhedo-frances-de-200-anos-vira/

(*) Rogerio Ruschel é deditor de In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, e gosta miuito de árvores – de todos os tipos. Fotos da videira de Arménio Belo

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