Descobrindo Menin Tinto Reserva 2019, um vinho DOC Douro com alma brasileira, terroir português e padrão internacional

Tempo de leitura: 6 minutos

Menin Tinto Reserva 2019, o DOC Douro com alma brasileira, terroir português e padrão internacional.

Por Rogerio Ruschel

Meu querido leitor ou leitora, quando se faz as coisas com amor elas ficam melhores. É o que pude comprovar degustando um rótulo excepcional da Menin Douro Estates (MDE) que já está no Brasil: o Menin Tinto Reserva 2019, um legítimo DOC Douro.
Resultado da paixão de dois investidores brasileiros apaixonados por vinhos e pelo Douro, no norte de Portugal, que criaram o grupo Menin Wine Company (MWC) a partir de 2018, o vinho é um “irmão mais jovem” do premiado Menin Douro Legacy – produto top da marca Menin Douro Estates – e “primo” dos vinhos da outra marca da empresa, a H.O Wines, produzidos desde o início do século XVIII pela Casa Agrícola Horta Osório, que foi adquirida grupo MWC em 2021.

O Menin Tinto Reserva 2019 tem um blend de uvas Touriga – Nacional e Franca (35% de cada) mas também Tinta Amarela e Tinta Barroca de diferentes parcelas de uma vinha de 42 hectares com idades entre 45 e 100 anos; em qualquer lugar do mundo dá para dizer que são vinhas velhas. Tem a mão dos enólogos João Rosa Alves e Tiago Alves de Souza. Na vinificação estagiou 14 meses em barrica adquirindo frescura e equilíbrio.

Mesmo sendo um vinho jovem (3 anos), decantei por 30 minutos e harmonizei com fatias de carne de porco assadas no forno em fogo baixo, com batatas rústicas no azeite e salada rica com frutas e legumes com acabamento com sal Maldon, tudo controlado pelo minha gastronônica mulher, a Sonia.

Delícia: o Menin Tinto Reserva 2019 teve uma bela presença na taça, com uma cor rubi muito intensa – intensa mesmo – e um aroma com notas de “frutas vermelhas silvestres, enriquecido pelo estágio em barrica” como diz a ficha técnica, mas que vai um pouco além disso, porque me lembrei de um passeio no campo de antes da pandemia… Na boca registramos uma estrutura sólida, redonda, com taninos presentes, muita frescura e equilíbrio – e um final bem duradouro e saudosista.

É um bom vinho português? É sim, mas é mais do que isso: é um vinho DOC Douro com alma brasileira, terroir português e padrão internacional. Os vinhos Menin nascem no Douro, um dos cenários mais lindos do mundo, tão lindo que em 2001 o Alto Douro Vinhateiro foi reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. E além disso, já nascem com uma Denominação de Origem de respeito, a DOC Douro, no mesmo terroir dos vinhos do Porto, a mais antiga região vitícola do mundo, regulamentada em 1756. 

Esta foi a escolha da Menin Wine Company criada “como um sonho”, como costumam dizer seus proprietários, dois empresários brasileiros: Rubens Menin Teixeira da Costa (da Construtora mineira MRV, Banco Inter e outras organizações) e Cristiano Gomes (do ramo financeiro) apaixonados por vinhos e muito especialmente pelo Douro.

Pois o “sonho” deles começou a ser construido no Alto Douro Vinhateiro em 2018 com a compra de propriedades no Cima Corgo, Gouvinhas, uma freguesia de Sabrosa: a Quinta da Costa de Cima – com 28 ha de vinhas, dos quais 11 ha são de vinhas plantadas há mais de 100 anos, mais 10 ha de olivais e mata; a Quinta do Sol, com 23 hectares de vinhas que foram replantadas em 2018/2019; e a Quinta do Caleiro, em Santa Marta de Penaguião, com 23 ha de vinha e pelo menos 60 diferentes variedades de uvas. Para gerir estes ativos foi criada a Menin Douro Estates (MDE).

Em abril de 2021 o grupo MWC constituiu outra empresa, a H.O Wines, adqurindo a Casa Agrícola Horta Osório, seus 55 ha de vinhas na sub-região do Baixo Corgo, em Santa Marta do Penaguião, e a marca H.O, um legado importante em experiência e tradição da família Horta Osório que produz vinhos no Douro desde o início do século XVIII. Além dos vinhos, a MWC produz azeites e se estrutura para o enoturismo. Em breve vai abrir para o enoturismo a adega da empresa, um projeto arquitetônico diferenciado, com modernas tecnologias de vinificação baseadas no conceito de gravidade, projetada pelos arquitetos Frederico Valsassina e João Horta Osório Charters Monteiro, que entrou em operação na vindima de 2021. Rubens Menin, o apaixonado, informa que ”Desde a chegada das uvas até o armazenamento, todo o produto segue num circuito movido essencialmente pela gravidade, assegurando a qualidade do vinho”.

Espero em breve ver a gravidade agindo na vinificação e também experimentar outros rótulos destes brasileiros apaixonados. Quem os conhece diz que a prioridade é o Douro, mas que este seria apenas o começo. Acredito. Eles se propõem a criar, a médio prazo, um portfólio de vinhos DOC Douro de excelência, tintos e brancos, além de vinhos do Porto, e de maneira excepcional, em safras vintage, um vinho super premium com o rótulo Dona Beatriz – que imagino que seja em homenagem à mãe de um deles. E por falar em vinho premium, o Menin Douro’s New Legacy Reserva 2018, um vinho já premiado, foi lançado em edição THE ONE AND ONLY, com apenas 3.625 garrafas numeradas; algumas garrafas chegaram ao Brasil com preço em torno de R$ 2.000,00.

Segundo Rubens Menin, o apaixonado, “Nossa produção total de vinhos deve chegar a 360 mil litros em 2025. Queremos lançar nossos primeiros rótulos ainda este ano (2021), no Brasil e na Europa, que prometem se destacar no paladar nos enófilos brasileiros e do mundo”.  

Pois já lançaram. Tiago Soares, representante da MWC no Brasil me disse que estes produtos já estão em restaurantes brasileiros selecionados como Barbacoa, Rancho Português, Dartagnan, Ninita, TasteVin, Glouton, Restaurantes do Chef Léo Paixão e outros. E soube que a Menin Douro Estates será parceira de um evento de lançamento do livro “O mundo do Sal”, do Master Chef brasileiro Henrique Fogaça na cidade do Porto, em fevereiro deste ano – veja aqui: https://www.excelenciadeportugal.com/mundodosal .

Rubens Menin, o apaixonado capitão do barco MWC que navega no Douro, tem outras paixões que admiro: no futebol é torcedor-fanático-mantenedor (ele do Atlético Mineiro); em restaurantes prefere vinhos e comidas simples e na vida empresarial investe com consciência, particando a cartilha do ESG. Como ele mesmo disse em uma entrevista, “Eu respeito muito o “E” (de ambiental), mas gosto muito do “S” (de social), porque moramos no Brasil.” E sobre o “G” de governança, tem várias iniciativas estruturais: sua construtora MRV está em 168 cidades e tem obras sociais em todas elas. Segundo ele,  “No Brasil, é preciso dar o peixe, não só vara de pescar”. E ensinar a pescar, sr. Menin, acrescento eu.

Brindo com a frescura e o equilíbrio deste Menin Tinto Reserva 2019, o DOC Douro com alma brasileira, terroir português e padrão internacional.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *