Messina: a terra das Cruzadas, de monstros gregos e vinhos brancos

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Messina é uma tres maiores cidades da Sicília (250 mil habitantes) e o ponto da ilha mais próximo do continente italiano: uma ponte imaginária cruzando o Estreito de Messina teria menos de 3,5 quilometros até Villa San Giovani, na Calábria. Como tudo na Sicília, o Estreito – local de tráfego pesado de grandes navios de cruzeiro – é superlativo: fica no Mar Mediterrâneo e liga o Mar Jônico ao mar Tirreno. Muitos mares, muitas travessias, caro leitor…

Do Porto de Messina se vê, do outro lado, a Itália continental

E muitas histórias e lendas, também. Fundada cerca de 756 A.C. por messenios que fugiram da Grécia liderados pelo rei Zancle, Messina tem uma história que é uma epopéia. Invadida sucessivamente por romanos, fenícios, bizantinos, árabes, normandos, vândalos, cartagineses e outros, e destruída por pestes e terremotos (é vizinha do vulcão Etna), Messina durante algum tempo foi a capital do Reino da Sicília. De Messina partiram muitos navios cheios de cavaleiros para participar das Cruzadas e a cidade recebeu visitas ilustres como Ricardo Coração de Leão em 1.190.  

A Sicília é grande produtora de vinhos brancos e doces, para sobremesa. Como já se produzia muito vinho branco na ilha desde que os gregos lá chegaram, é possível que eu tenha provado alguns Marsala, Malvasia delle Lipari, Monreales ou Mamertinos de Millazzo do mesmo jeito que Ricardo Coração de Leão e muitos reis e imperadores gregos, romanos, bizantinos e árabes. Não é um show?

O Duomo de Messina
Uma das lendas que se confunde com a história de Messina relata que na mitologia grega um monstro chamado Charybdis, filho de Poseidon e Gaia, habitava o litoral de Messina, exatamente no Estreito. As ondas em Messina teriam perturbado o grupo da Odisséiia (relatada por Ulisses) e Jasão e seus Argonautas – isso sem falar que Hércules andou por lá atrás de um touro perdido na região do vulcão Etna. Não vi Charybdis mas o Estreito é profundo o suficiente para esconder muitos monstros…
Fiquei impressionado quando cheguei a Messina de carro, vindo de Catania: ao descer uma ladeira entrando na cidade dei de cara com um imenso navio de cruzeiro que parecia ancorado no fim da rua! Depois fui saber que centenas deles aportam todos os meses, despejando turistas para passear na cidade ou fazer um bate-volta a Taormina, uma das cidades-delírio desta belíssima ilha      (que você vai conhecer em outro post, em breve).

Influência árabe e um gótico estranho por toda a cidade

Messina é uma cidade muito interessante, porque sua arquitetura registra todas estas influências ao longo dos séculos. Visitei algumas das atrações mais conhecidas, como a Catedral (Duomo), igrejas Góticas, a Igreja Santa Maria dos Alemães (de 1.200), a Abadia Santa Maria de La Valle, prédios árabes. E muitos restaurantes. 
Entre as delícias imperdíveis da Sicília estão temperos regionais, alguns dos melhores azeites da Europa, os vinhos da região de Marsala, as frutas fertilizadas pelas cinzas do vulcão Etna e os doces – os maravilhosos doces da Sicília que podem ser acompanhados por vinhos brancos sicilianos com uvas grillo ou catarrato.

Messina é a capital da Província do mesmo nome, por onde perambulei por alguns dias, conhecendo os Montes Peloritani, os vilarejos Milo e Novara e Tindari, uma praia com forte sotaque arqueológico. Mas isto é assunto para outro post, meu caro leitor. Enquanto isso um brinde à la Marsala!

Veja mais sobre a Sicilia:

(*) Rogério Ruschel é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade – http://www.ruscheleassociados.com.br/. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.

 

2 Comentários


  1. Muito obrigado pelo prestigio da leitura e pelas palavas gentis, Vera. No blog tem varios posts sobre lugares belissimos. procure por Sicilia, Italia e outros, que vai encontrar. Veja as fotos de Mario Ventura. Digite a palavra procurada no espao em branco logo abaixo do titulo do blog. Abs
    Rogerio

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