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Por Rogerio Ruschel (*)
Prepare-se: hoje vou levar você para um passeio pela história, religião, mitologia, arte, agricultura e indústria relacionadas à cultura do vinho. Um impressionante passeio pelo mais bonito, mais completo e premiado museu do seu gênero no mundo: o Museu da Cultura do Vinho da Fundação Dinastía Vivanco (foto acima) de Briones, cidadezinha de La Rioja, Espanha (ao fundo, na foto abaixo).
Um Museu em meio a vinhedos que abriu as portas em 2004 depois de 30 anos de dedicação silenciosa da familia Vivanco, proprietária da vinícola Dinastia Vivanco que produz vinhos desde 1915 e de uma Fundação sem fins lucrativos com o mesmo nome; Pedro, Paulo e atualmente Santiago Vivanco foram comprando, colecionando, catalogando e classificando mais de 8.000 peças relacionadas à cultura do vinho que hoje formam uma coleção magnífica em um prédio de arquitetura moderna que se tornou a mais importante atração turistica da região.
Um Museu com tanto simbolismo e importância cultural que foi inaugurado pelo próprio Rei Juan Carlos I da Espanha, recebe 160.000 visitantes por ano e ganhou todos os premios disponiveis no mundo – inclusive da UNESCO e da Organização Internacional do Turismo, que o declararam o melhor Museu da Cultura do Vinhodo mundo. Um museu que se tornou um modelo para outras iniciativas similares, como o brasileiro Eco Museu da Cultura do Vinho Dal Pizzol, em Faria Lemos, Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul que pretendo mostrar em outro post de In Vino Viajas (já solicitei entrevista com Rinaldo dal Pizzol e aguardo atendimento).
Arqueologia, escultura, pintura, história, etnografia; máquinas e processos produtivos; o nascimento e transformação da uva em vinho – e a beleza cênica da região. Tudo (ou quase tudo) o que você quiser saber sobre a cultura do vinho no mundo está lá. Só no Centro de Documentação estão disponíveis cerca de 8.000 documentos como monografias, livros e revistas especializadas, obras de referência, documentação antiga, cartões, ilustrações e posteres antigos e materiais audiovisuais. E boa parte ao acervo pode ser acessada pela internet, com os serviços de pesquisa, referência e orientação, consulta ao catálogo informatizado e sobre algumas peças expostas – veja em www.dinastiavivanco.com
O Museu da Cultura do Vinho da Fundação Dinastía Vivanco foi projetado pelo arquiteto de La Rioja Jesús Marino Pascual e tem quatro andares que ocupam uma área com 5.500 m2. Mas antes de entrarmos no prédio, dê uma olhada ao redor: você vai ver uma impressionante coleção de 222 variedades de videiras procedentes de todo o mundo, plantadas em uma área de 6.000 metros quadrados ao redor da entrada subterrânea da Vivanco, com fichas explicativas – um museu com peças vivas como você pode ver abaixo, nas cores do outono.
Agora vamos entrar no prédio. No piso térreo estão a recepção, um café, um restaurante que serve vinhos Rioja tradicionais e contemporâneos, uma loja de vinhos e uma sala para exposições temporárias ou eventos como o lançamento de livros (abaixo Santiago Vivanco no lançamento de um livro sobre o vinho e no cinema) ou desfile de modas (também abaixo) e o acesso para as salas de exposição permanente.
O primeiro andar tem uma sala de aula para cursos de degustação, um auditório que ocupa também o segundo andar do restaurante e do Centro de Documentação e uma biblioteca especializada com mais de 5.000 livros sobre viticultura, enologia e outras questões relacionadas com o papel do vinho na civilização humana com documentos do século XV. Abaixo, veja algumas fotos da coleção.
As coleções permanentes do museu estão distribuídos em cinco salas temáticas ou espaços localizadas no piso térreo e na cave subterrânea. O primeiro espaço, chamado de “Nascer, crescer, amadurecer” relata as origens do vinho e os principaisprocessos de viticultura e vinificação, incluindo vários utensílios agrícolas e laboratoriais de diversas épocas.
O segundo espaço, “Guardar as essências”, lida com os recipientes utilizados para a produção, amadurecimento e conservação de vinhos industriais ou artesanais e explica a construção de barris, o papel da rolha na garrafa e outros detalhes.
A terceira sala, “Sonho”, descreve os vários trabalhos que são realizados na adega, com a ajuda de vários utensílios que evoluíram ao longo do tempo, e inclui um espaço com jogos interativos e painel de aromas (ver abaixo) além de projeção de vídeos (também abaixo) para o visitante aprender a reconhecer os aromas que podem ser apreciados em uma degustação.
A quarta sala, “Arte e símbolo”, tem uma importante coleção de valor arqueológico e artístico relacionado ao consumo de vinho, ilustrando o papel que desempenhouem várias culturas ao longo dos séculos. Lá estão bronzes egípcios, cerâmica grega, mosaicos romanos e mármores bizantinos, além de obras modernas como estátuas, copos, pratos, medalhas, relógios, gravuras, litografiase pinturas de artistas como Sorolla, o Españoleto ou Picasso.
Finalmente, o quinto quarto, “Abrir, servir, beber” inclui vários itens utilizados para servir o vinho e uma coleção única de quase 3.000 saca-rolhas (abaixo).
E como é civilizado, feito para agradar o visitante, o Museu dispõe de um roteiro especial para deficientes visuais e tem áreas que mantém as crianças ocupadas.
Seria justo conhecer a família Vivanco e a Fundação Vivanco, iniciativas brilhantes desta família de bodegueiros de La Roja – mas isto você vai ver em outros posts aqui no In Vino Viajas.
Este post faz parte da Série Cultura do Vinho, publicada no mes de dezembro de 2013
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e gosta de arte.
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Excelente museu que vale a viagem. Voltarei a ele para ficar um dia inteiro.
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Excelente museu que vale a viagem. Voltarei a ele para ficar um dia inteiro.
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Eleito pela Unesco como o melhor da espécie, Alcino. Abs, Rogerio
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Ótimo, Alcino
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