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Por Rogerio Ruschel
Meu prezado leitor ou leitora, no dia 15 de agosto de 2023 o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI publicou o reconhecimento da segunda Indicação Geográfica (IG) para uma região de Rondônia: o Vale do Jamari, produtor do peixe tambaqui amazônico (Colossoma macropomum), in natura e processado. Além dessa IP, o estado possui uma Denominação de Origem (DO) para o café das Matas de Rondônia. Com essa concessão, o Brasil tem 115 Indicações Geográficas, sendo 82 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 33 Denominações de Origem (24 nacionais e 9 estrangeiras).
O tambaqui é nativo do bioma Amazônico, parece uma tilapia porque é redondo e de dorso esverdeado, com barriga e cauda pretas. A região do Vale do Jamari é composta por 11 municípios, totalizando uma área de 38.049 km²: Alto Paraíso, Ariquemes, Buritis, Cacaulândia, Campo Novo de Rondônia, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho D’Oeste, Monte Negro, Rio Crespo e Theobroma.
Uns três anos atrás provei costelas assadas de tambaqui e apreciei muito. A carne é branca, tem poucas espinhas, bastante gordura e sabor marcante. Estava com um chef do Norte que assou o bicho, dois sommeliers e três jornalistas e fizemos alguns exercícios de harmonização. Lembro que a carne harmonizou bem com vinhos brancos ácidos (que é a recomendação oficial), mas que ficou também muito boa com vinhos tintos como Pinot Noir ou Cabernet Franc.
De acordo com os documentos anexados ao processo pela Associação dos Criadores de Peixes do Estado de Rondônia, o estado é um dos maiores produtores de peixes nativos do Brasil, em constante expansão na última década. Principal polo produtor de Rondônia, o Vale do Jamari se consolidou como grande produtor de tambaqui em cativeiro. Com topografia favorável e a abundância de recursos hídricos da região, o tambaqui do Vale do Jamari é criado em tanques escavados ou construídos em córregos e igarapés, sempre em raio superior a 50 metros das nascentes ou olhos de água permanentes.
Os viveiros precisam ter equilíbrio do pH das águas, que devem ser neutras ou ligeiramente alcalinas, e contar com renovação constante. As condições aquícolas, associadas ao clima típico da Amazônia, proporcionam o ambiente ideal para criação do tambaqui. A aplicação de tecnologias e o manejo da produção, com responsabilidade social e ambiental de seus produtores, garantem ao tambaqui do Vale do Jamari a rastreabilidade do produto desde o início da criação.
O tambaqui criado em cativeiro no Vale do Jamari é produzido em ambiente bastante sustentável, possui atributos similares aos existentes em ambiente natural, sendo um produto de carne branca, com textura tenra, firme, macia e suculenta, de sabor marcante e peculiar.
Produção em alta
Os produtores de tambaqui do Vale do Jamari foram responsáveis, em 2019, pelo equivalente a 50% das cerca de 40 toneladas de tambaqui produzidas no estado de Rondônia. Em 2020, esse percentual chegou a 60%.
O tambaqui produzido no Vale abastece todo o mercado nacional, em sua maioria nos estados do Amazonas, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás, tendo ainda uma parcela de sua produção destinada à exportação.
Devido à sua importância, a região costuma ter eventos voltados à piscicultura e festivais do tambaqui, como a Feira de Agronegócio e Piscicultura do Vale do Jamari (EXPOVALE). Tais eventos ganharam repercussão nacional e internacional nos últimos anos e atraem milhares de pessoas, confirmando o Vale do Jamari como região que possui reputação e relevância em seu segmento de mercado.