Pesquisa na Espanha mostra que 91% dos turistas buscam informações sobre enoturismo em sites especializados e apenas 9% nos sites das vinícolas

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Por Rogerio Ruschel (*)

Meu caro leitor ou leitora, a indústria do vinho é de importância estratégica na Espanha. A produção de vinhos é uma herança nacional, faz parte das famílias, da história e da cultura do país e do ponto de vista econômico representa uma das principais indústrias do PIB. Em 2013 a Espanha foi o maior produtor mundial de vinhos e em 2014 ficou apenas um pouquinho atrás da França – estes dois países estão constantemente trocando de posição, mes a mes.

 

 

Embora o enoturismo na França seja mais desenvolvido, na Espanha a atividade é também gigantesca: conforme dados da Acevin, a Associação Espanhola de Cidades do Vinho, cerca de 42.000 vinícolas receberam um pouco mais de 2 milhões de turistas em 2014, gerando cerca de 50.000 postos de trabalho nas 24 rotas de vinho certificadas (mapa acima e quadro abaixo). O movimento financeiro somente das 523 vinícolas e 29 museus associadas ultrapassou 42,5 milhões de Euros, algo como 161 milhões de Reais. Este número não inclui o faturamento de outros estabelecimentos que também fazem parte das rotas de turismo do vinho como hotéis, alojamentos, lojas especializadas e restaurantes.

 

 

 

A atividade é levada muito a sério e como existem centenas de opções de degustações nas 50 províncias espanholas e para encontrá-las era necessário pesquisar individualmente na internet, em 2013 uma empresa criou o primeiro software de geolocalização e georeferência de degustações de vinhos no país para facilitar a vida do enoturista. A empresa se chama Cata Del Vino e o portal (www.catadelvino.com) está se tornando uma espécie de Trivago do setor de vinho no pais. 

–> Na foto abaixo, La Rioja, que também está no Cata Del Vino, e ao longo da matéria veja alguns dos gráficos desta pesquisa.

 

–> Pois o portal realizou uma pesquisa em novembro de 2015 com cerca de mil enoturistas e resumo aqui alguns dos resultados que são interessantes. A começar pela praticidade de ter a vida facilitada por um buscador especializado que elimina dezenas de horas de pesquisa na internet. Agora esta obviedade foi dimensionada: 91% dos entrevistados reconhecem que buscadores e sites que informam sobre as atividades de enoturismo disponíveis nas datas procuradas são úteis para o planejamento da viagem. Buscar informação em sites especializados é a solução para resolver um grande problema, agora também dimensionado: 67% dos entrevistados afirmaram que não é fácil de encontrar as atividades de degustação nos sites das adegas.

 

A pesquisa reforçou também o que outros levantamentos e In Vino Viajas já vem informando: 93% dos entrevistados declararam ter interesse em comprar vinho nas vinícolas que visitam e 52% deles disseram que o motivo que os levou a visitar uma adega foi a oferta de preços dos vinhos (veja acima). Só para comparar: em 2014 a Great Wines Capital, associação que reúne os principais pólos de produção vinícola do mundo, divulgou uma pesquisa informando que cerca de 32% da produção de vinhos das adegas associadas era vendida no balcão, para turistas.

 

Embora 56% dos entrevistados reconheçam que o que os atrai é provar o vinho na vinícola onde ele é feito, 64% dos entrevistados disseram que a atração no enoturismo não é apenas conhecer as vinícolas e degustar vinhos, mas também visitar a região, a comunidade e seus arredores.

 

Outra coisa óbvia foi agora dimensionada por esta pesquisa da Espanha: 72% dos entrevistados admitem não entender a terminologia utilizada pelo produtor ou sommelier que coordenou a degustação de vinhos oferecidos no tour vinícola. E apenas 37% dos entrevistados disseram que o que mais valorizaram na visita à vinicola foi a explicação sobre o processo de vinificação e a degustação. O que ocorre é que a maioria dos enólogos e sommeliers acham que todas as pessoas tem o mesmo grau de interesse e de informação sobre o vinho que eles tem, o que certamente não é verdade. Eu, por exemplo – e talvez você – não tenho o menor interesse em saber dados técnicos de produção do vinho, e sim ver onde foi feito, por quem, e prová-lo. Vale repetir o que tenho dito: o enoturismo só vai ser viável quando for operado para turistas “normais”, e como uma atividade regional, e não apenas dentro de vinícolas e para turistas especializados em vinho.

 

Outros dados são interessantes. Os visitantes percebem que a visitação é um bom negócio: 87% dos entrevistados consideram que o turismo do vinho é muito bom para a imagem de marca dos vinhos e das vinícolas e 52% deles acreditam que o turismo do vinho é também economicamente rentável para as vinícolas visitadas. E 83% dos entrevistados disseram que recomendariam aos seus amigos e familiares o roteiro que fez.
A pesquisa da Cata Del Vino conclui resumindo que o enoturismo promove a cultura do vinho; aumenta o turismo no território; é uma nova forma de renda adicional para os produtores de vinho; aumenta o consumo de vinho por novos usuários; promove melhorias no ambiente e na infra-estrutura; melhora a imagem do vinho como produto e diversifica o turismo permitindo ajustes sazonais, porque é uma atividade que pode ser realizada o ano inteiro.
Então meu prezado leitor ou leitora, façamos um brinde à alegria de poder conhecer novas comunidades da cultura do vinho e à boa informação que podemos compartilhar aqui no In Vino Viajas: tim-tim!

(*) Rogerio Ruschel edita In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasi, mas pesquisa tudo sobre enoturismo, em todos os países que tenham informações 

 

 

 

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