Produtores de cafés com Indicação Geográfica (IG) do Brasil se unem para transformar em realidade os benefícios da certificação

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Imagem do site da Nugap

Por Rogerio Ruschel

Meu prezado leitor ou leitora, uma excelente notícia: as associações gestoras de cafés com Indicação Geográfica (IG) do Brasil vão ampliar o trabalho em conjunto para fortalecer o associativismo e promover ações de marketing e comunicação para explicar para os consumidores brasileiros porque produtos com origem controlada como os que têm IGs são melhores. Com isso pretendem fazer o que se faz no mundo civilizado: agregar valor de venda e margem de lucro na comercialização dos produtos com IG como superiores a outros similares, que não têm esta certificação.

Como se sabe por pequisa realizada pela União Européia (e se quiser uma cópia me peça pelo e-mail rogerio@invinoviajas.com), um produto com Indicação Geográfica (IG) pode valer até 270% a mais do que um produto similar sem esta certificação, por uma série de razões, entre as quais a garantia de qualidade superior, a rastreabilidade e o controle contra maus produtos.

Mas isso não acontece por milagre ou por lei, e sim por reconhecimento do mercado, porque como se sabe pela lei da oferta e da procura,  quem define o valor de um produto não é o produtor, e sim, o consumidor. Por isso, embora os produtos com Origem e Identidade reconhecidos por uma IG tenham reais condições de ter uma percepção de valor mais elevada no mercado, não estão sendo valorizados no Brasil porque a esmagadora maioria da opinião pública simplesmente não sabe o que são produtos com Indicação Geográfica (IG) e desconhece os benefícios de preferi-los.

Os produtores de café tem uma experiência maior com o mercado, porque compete com marcas e exportam metodicamente há muitos anos. Depois do Vale dos Vinhedos – a primeira IG de produtos do Brasil, concedida para vinhos da Serra Gaúcha – a segunda IG brasileira foi a Região de cafés do Cerrado Mineiro, reconhecida com o registro de Indicação de Procedência pelo INPI, em abril de 2005. E além disso, como informa a Embrapa, parceira de grande parte das IGs brasileiras de vinhos e cafés, a obtenção desses registros de IG exige caracterizações técnicas do produto e de sua região, trabalho executado por pesquisa científica. Os cafés, que podem ser comercializados como produtos de marca ou exportados como commodities, lideram a lista porque agregam valor significativo para os produtores – afibal sempre estamos entre os 3 maiores produtores e consumidores do mundo.

Pois agora os produtores estão ampliando a união. Uma parceria entre os produtores de café com IGs já tinha dado bons resultados na principal feira do segmento na Europa, a World of Coffee, realizada em Atenas, em junho deste ano, quando o projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) obteve grandes resultados. Ganhamos prêmios e reforçamos nosso perfil como país exportador de cafés de alta qualidade, cafés gourmet ou premium.

Agora 13 entidades que representam áreas produtoras no Brasil, assinaram no dia 9 de novembro, um Termo de Cooperação com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) para a promoção dos produtos num segmento superior. Além da BSCA, os signatários do acordo representam as IGs das Denominações de Origem Cerrado Mineiro, Caparaó (ES e MG), Mantiqueira de Minas, Montanhas do Espírito Santo, Café da Canastra (MG) e Matas de Rondônia; e as IGs das Indicações de Procedência Sudoeste de Minas, Região de Garça (SP), Matas de Minas, Campo das Vertentes (MG), Conilon Capixaba (ES), Região de Pinhal (SP) e Alta Mogiana (SP e MG).

Por meio deste Termo de Cooperação, as instituições unirão esforços em prol do associativismo do café especial brasileiro, entre os associados da BSCA e os membros das entidades representativas das regiões produtoras de cafés especiais, “alinhando e fortalecendo o pertencimento, a cultura de excelência na qualidade e na sustentabilidade e também na governança, ampliando esforços conjuntos na captação de recursos e o fortalecimento da unidade do café nacional em relação à promoção e à construção da imagem”.

O diretor executivo da BSCA, @Vinicius Estrela (ex-diretor da Apex), destaca o fato de o Brasil ser um país com dimensões continentais, com diversidade topográfica e climática, fazendo com que os cafés de cada origem produtora tenham características diferenciadas e únicas, o que não se observa em nenhuma outra nação produtora. E completa: “Temos o compromisso de promover, mundo afora, os cafés brasileiros, suas regiões e histórias, destacando seus atributos ímpares, que geram um produto sustentável e rastreável, com qualidade excepcional. Esses cafés contribuem para o avanço do consumo mundial e ajudam o Brasil a permanecer na vanguarda do fornecimento de cafés que respeitam meio ambiente e as pessoas envolvidas na cadeia produtiva”.

Será implantado um comitê das regiões produtoras para edificar a governança regional e disseminar normas de origem, qualidade e boas práticas agrícolas; traçar políticas e planejamento para o cultivo de cafés especiais; e realizar discussões para a criação de uma marca ao café do Brasil.

Também haverá a inclusão dessas regiões na estratégia de marketing da BSCA em feiras internacionais e a Associação ajudará as entidades representativas no planejamento e na realização de “origin trips”, trazendo grupos de compradores globais às áreas produtoras de café do país.

Pois é: eles não vão ficar esperando “ajuda do governo” ou de outras entidades porque sabem que entre eles, em conjunto, será mais eficiente, rápido e econômico reunir e disseminar informações sobre sabores e características singulares dos cafés especiais com origem controlada, que envolvem procedência, aroma, cultura, terroir, qualidade, região de produção, se o produtor tem preocupações sociais e ambientais, entre outros aspectos. E não precisarão ficar devendo favores politicos.

Sei que a ABRIG – Associação Brasileira das Indicações Geográficas está planejando realizar um projeto semelhante, para apoiar especialmente as organizaçõe gestoras de menor porte. Este trabalho dos cafés é uma ótima referência. Tenho certeza de que em breve isso vai gerar excelentes resultados. E vou noticiar isso com muita alegria para meus muitos e queridos leitores.

Saiba mais:  https://www.invinoviajas.com/cafe-tem-mais/

Saiba mais: https://www.invinoviajas.com/brasil-apresenta-seus-12-cafes/

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