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Por Rogerio Ruschel (*)
Meu carlo leitor ou leitora, infelizmente terremotos abalam famílias, vilarejos, comunidades e países com muita frequência. Não temos como evitá-los, mas podemos tentar reduzir seus danos. E eles ocorrem em todo o planeta. A Itália tem um histórico de terremotos e erupções vulcianicas de vários séculos, mas vem sofrendo muitos tremores neste segundo semestre de 2016. Em outubro o centro do país foi abalado por um terremoto que foi o mais intenso desde 2009, que deixou 159 mortos e milhares de desabrigados (fotos abaixo).
Além destas perdas, os estragos também estão no patrimônio cultural e arquitetônico a nas atividades regulares da agricultura, entre as quais a vitivinicultura. Entre as regiões vinícolas mais suscetíveis por terrremotos no país estão as áreas próximas dos Apeninos, a Toscana, Umbria, Marche, Emilia-Romana, Abruzos, Lacio e a Sicilia, que tem historias arrepiantes realcionadas com o vulcão Etna.
Na America do Norte a principal vítima do setor vinícola é a California. Um terremoto em agosto de 2014 causou perdas milionárias à indústria vinícola em Napa Valley – até mesmo lojas de vinhos, como a da foto que abre esta matéria. O que a seca de dois anos não havia conseguido prejudicar, o terremoto fez em segundos, destruindo milhares de barris de vinho. Especialistas avaliaram que as perdas chegaram à cifra de 1 bilhão de dólares, em um setor que movimenta mais de 13 bilhões de dólares por ano. Entre os produtos em estoque a colheita de 2013 foi uma das mais afetadas, mas a de 2012, tida como Vintage, ficou praticamente intacta porque se encontrava em pallets de carga e bem acondicionada, pronta para a distribuição.
Na America do Sul o Chile é quem sofre com terremotos mais destruidores porque o país se encontra em área de elevada tensão e instabilidade geológica propiciada pelo choque direto das placas tectônicas de Nazca, posicionada sob o Oceano Pacífico, e a Sul-americana, posicionada na América do Sul. O maior terremoto da história também ocorreu no Chile, na cidade de Valdívia, em 1960. Nessa ocasião, a intensidade alcançou os 9,5o Richter, provocou mais de 2000 mortos, em uma das maiores catástrofes naturais da história da humanidade.
Em 27 fevereiro de 2010 um terremoto com magnitude de 8,8 desabrigou mais de dois milhões de pessoas e afetou diversas áreas de vitivinicultura que tiveram suas plantações e adegas afetadas. Pelo menos um em cada quatro tanques de aço inoxidável com vinho foram afetados, resultando numa perda de 125 milhões de litros, o equivalente a 12,5% da produção em 2009. Algumas infra-estruturas, especialmente das regiões de Maule e Rapel, localizadas perto do epicentro, tiveram danos gigantes; o vinho é a principal indústria de duas das regiões mais próximas ao epicentro do terremoto, Maule e Bio-Bio (mapa abaixo).
Pois no fim de outubro de 2016 os vitivinicultores destas regiões em todo o globo terrestre ouviram uma boa noticia: um grupo de pesquisadores da Universidade Católica do Chile desenvolveu um sistema de isolamento sísmico para recipientes de líquidos especificamente concebido para proteger os depósitos dos vinhos de terremotos. O sistema consiste de um conjunto de dispositivos flexíveis que são instalados nos suportes do reservatório, o que produz um efeito isolante. A idéia é que a energia do terremoto seja absorvida pelo isolamento dos dispositivos de vibração que isolam os dois movimentos no solo: horizontal e vertical, uma adaptação dos sistemas já utilizados em edifícios com grande altura que tem um sistema pendular de balanço vertical. O sistema, de acordo com os pesquisadores, pode ser dimensionado para o tamanho e peso que forem necessários e poderá também proteger os equipamentos e máquinas industriais em geral. Os criadores esperam que os equipamentos comecem a ser entregues aos compradores em 2018.
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil, onde não há terremotos, a não ser os provocados por politicos