Sacré-Coeur de Montmartre: conheça a mais charmosa e fotografada igreja de Paris

Tempo de leitura: 4 minutos

 

Por Rogerio Ruschel (*)
Paris nasceu cerca de 4.000 anos A.C. como um povoamento na margem esquerda do rio Sena, no que hoje é o 12o. arrondisement. Em 6.000 anos de história a cidade foi romana, gaulesa, território dos hunos, enfrentou vikings – e chegou a ser a maior cidade européia no século XIV com 200 mil habitantes. E enquanto crescia, se expandia para além da Ilê de La Cité, engolindo as redondezas. (Abaixo, a Basílica Sacré-Coeur vista em sua colina de uma janela do Museu D’Orsay, na Ile de la Cité).

 

Montmartre – um vilarejo que já no tempo dos gauleses se destinava a cultos religiosos – foi uma das regiões engolidas e hoje é um bairros com mais personalidade de Paris. Montmartre quer dizer “monte dos mártires” porque no alto da colina onde hoje está a Basilica teria sido decapitado São Denis, o primeiro bispo de Paris, no século III, e lugar onde muitos cristãos teriam sido mortos por volta do ano 250. Outra herança religiosa: foi em Montmartre que a Companhia de Jesus (Padres Jesuítas) foi fundada por Santo Inácio de Loyola e seus companheiros em 1534.

 

O atual bairro de Montmartre, no arrodisement 18, é uma das regiões mais bucólicas e charmosas da cidade por causa das ruazinhas arborizadas (e ladeiras), pintores de rua, seus cafés e cabarés – e, claro, muitos turistas. E como fica no alto de uma colina, com sua silhueta branca (porque foi construída com mármore travertino e calcita, que libera tinta branca), oferece uma das mais lindas vistas de Paris.

 

A Basilica foi construida com arquitetura romana e bizantina para levantar a moral da comunidade parisiense logo após a Guerra franco-prussiana (1870-1871), como um memorial aos 58.000 soldados mortos na guerra. Foi construída por dois milionários – Alexandre Legentil e Hubert Rohault de Fleury – que haviam prometido construir uma igreja caso a França sobrevivesse às investidas do exército alemão. Custou cerca de 6 milhões de Euros a valores de hoje e levou 46 anos para ser terminada, o que ocorreu 1923.

 

As atrações são arquitetonicas e artísticas como o Mosaico e a estátua de Crristo, os arcos da Cripta, as Portas de bronze, a cúpula, os vitrais e fachadas e as estátuas equestres de bronze de Joana D’Arc e São Luis na fachada externa (veja abaixo).

 

Embora não seja antiga, a Sacré-Coeur é uma das imagens mais fotografadas em Paris atualmente. De longe ela fica bem visível, no alto da colina, e parece o Taj Mahal da Índia – eu pelo menos tive essa impressão. E quando você está lá em cima, pode ver a enorme escadaria com gramados, fontes e árvores, e ao fundo uma grande parte do sul de Paris; é realmente muito bonito. 

 

Mas é um passeio que exige um certo planejamento para chegar (use metro, onibus, funicular) e muita paciência, porque na frente e dentro da igreja parece que tem mais gente do que no Museu do Louvre.

 

Então, meu/minha caro(a) leitor(a) vai devagar, descansa, relaxa e aproveita para caminhar pelo bairro. Em Montmartre visite o Muro do Eu Te Amo (Le Mur des Je t’Aime, acima), uma parede onde a frase Eu te Amo está escrita em mais de 300 idiomas na Place Abesses; a estação Abesses do metrô, uma das poucas art-noveau que restaram na cidade (abaixo).
Passeie calmamente pelas vielas e praças (onde dá para descobrir escadas como esta abaixo) dê uma olhada nos museus (de Montmartre, de Salvador Dali e outros), e na Place des Tertres, um quadrado atrás da Basílica, sempre ocupada por pintores de rua e cercada por bares, cafés e restaurantes.

 

 


Descendo da colina, passeie pelas alamedas, fotografe a fachada do Moulin Rouge (abaixo) – um dos mais famosos cabarés de Paris, imortalizado pelos Impressionistas – e faça uma parada no café do filme “O fabuloso destino de Amelie Pouain, do diretor Jean-Pierre Jaunet, de 2002.

 

 

Aproveite para visitar outra celebridade de Montmartre: o pequeno vinhedo Clos de Montmartre, com suas escadas que venceram o tempo e a especulação imobiliária (abaixo). É uma visita curiosa: em 1933 a prefeitura de Paris plantou uvas tradicionais da França em um terreno baldio que tinha virado moradia de desocupados e em 1995 contratou um enólogo e investiu em equipamentos vinificação modernos.

 

Atualmente os 1.762 pés de 27 castas diferentes de uvas (75% Gamay, 20% Pinot Noir e o resto Seibel, Merlot, Sauvignon blanc, Riesling, Gewurztraminer e outras) produzem cerca de 2.000 garrafas de 500ml cada vendidas por cerca de 40 Euros como lembrança para turistas que ajudam a manter o vinhedo. Conheça esta história em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/05/clos-de-montmartre-o-pequeno-vinhedo.html

 

Na verdade o bairro inteiro é colorido e festivo e os franceses sempre arranjam uma razão para comemorar (e beber!). Uma delas é a Festa da Vendange – a Festa da Colheita das uvas do Clos de Montmartre  – veja como e porque ela acontece acessando http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/05/a-criativa-arte-grafica-da-festa-da.html
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, especialista em sustentabilidade socioambiental e gosta muito de Montmartre.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *