Sadia Bio: conheça o primeiro frango com nome e endereço do Brasil, um exemplo de marketing de identidade territorial

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Por Rogerio Ruschel

Prezado amigo ou amiga, em seus mais de 70 anos a Sadia já produziu milhões de unidades de cortes de frango e grande parte disso é considerada pelo mercado como um produto sem diferenciais importantes, um commodity. Para agregar valor ao frango, a Sadia busca a qualidade, investe em pesquisa e utiliza a estratégia básica da indústria de alimentação: oferecer ao consumidor receitas de preparo que ajudam a percepção de sabor do produto pronto: um frango saboroso na mesa das famílias.

Provavelmente a Sadia vai continuar utilizando esta estratégia, mas recentemente resolveu fazer como os produtores de alimentos da Europa que agregam valor ao produto não pelo volume nem por receitas e temperos, mas sim pela origem e identidade. Assim, para fugir do commodity típico deste segmento, a Sadia lançou um produto com rastreabilidade, um diferencial baseado na informação de onde ele é produzido e por quem, fundamentado nos valores da identidade territorial: os cortes de carne Frango Bio, da Série Origens.

Frango Bio Sadia é mais um case que demonstra o uso da identidade territorial e da cultura da comunidade como estratégia de marketing, que é o tema do meu livro “O valor global do produto local”, publicado pela Editora Senac em abril do ano passado, o primeiro do Brasil sobre este assunto (foto acima). Minha tese, demonstrada com muitos exemplos é simples: se você valoriza um produto ou serviço local baseado na sua identidade e/ou origem, poderá obter um poderoso diferencial que vai além da marca. E se aportar inteligência e investimento nele, você terá as condições básicas para obter um produto com um diferencial exclusivo com boas chances de construir interesse global – ou pelo menos, poderá apresentá-lo ao mercado com maior valor agregado. 

É o caso do Frango Bio. Mas antes, deixe-me apresentar a Sadia para meus leitores não basileiros. A Sadia é uma das marcas do Grupo BRF, ao lado da Perdigão. Criada em 1944 no interior de Santa Catarina, um dos estados do Sul do Brasil, ao longo de sua história teve que resolver vários problemas para o crescimento, como o transporte de alimentos perecíveis de uma região então com baixa infra-estrutura para os grandes mercados como São Paulo e Rio de Janeiro – o que fez criando a Sadia Transportes Aéreos em 1955, que se tgransformou na Transbrasil em 1972 (que também transportava passageiros) até seu fim em 2002. Poder transportar produtos refrigerados em frota própria permitiu a exportação em grande volume e em 2008 a Sadia inaugurou uma série de recordes anuais mantidos até hoje como a maior empresa brasileira exportadora de proteína animal. Atualmente é um conglomerado de 20 empresas com mais de 300 produtos vendidos em 150.000 de pontos de venda no Brasil e em 140 países – a primeira empresa no ranking comercial brasileiro de aves, carnes industrializadas, suínos e bovinos, e o segundo no mercado de soja.

A BRF é um grande universo corporativo com muitas marcas, fábricas, mercados e posicionamentos, entre as quais a linha Sadia Bio de carne de frango, que está inserida no conceito “Origens”, de produtos com maior identidade, maior qualidade e maior margem de lucro. O primeiro produto da série é a linha Sadia Bio de frangos produzidos sem hormônios e antibióticos, com ração 100% vegetal e certificados de bem-estar animal por famílias – hoje são quatro: Galeski, Trentin (abaixo), Nadin e Tenfen (acima), todas de Lucas do Rio Verde – MT – que oferece rastreabilidade (o que também é um diferencial competitivo para exportação) que permite que o consumidor identifique onde foi produzido o corte do frango que ela acabou de comprar.

Para acentuar a questão do “local” e da “identidade”, a Sadia aproxima o consumidor urbano das famílias produtoras e seu ambiente rural, apresentando também benefícios de sustentabilidade da produção. Faz isso através de comerciais de televisão e de vídeos e conteúdos no portal da internet, como por exemplo aqui: https://www.sadia.com.br/sadiapordentro/frango-bio/videos/conheca-a-origem-dos-frangos-sadia-bio

Segundo declaração de dirigente da empresa em uma revista de negócios, a série Origens foi desenvolvida para agregar lucratividade ao produto frango que é vendido como genérico. Ou seja: identidade territorial permite rastreabilidade e cria um grande diferencial de posicionamento, o que gera lucro.

A identificação de origem de um agroalimento (como queijo Gruyére, presunto Pata Negra, vinho Borgonha, queijo Serra da Canastra, café do Cerrado Mineiro, etc) não só reforça a marca do fabricante, mas agrega valor que transcende esta marca. E é por isso – e também para obter sinergia da cadeia produtiva – que muitos fabricantes se unem para criar e valorizar uma identidade territorial formal, registrada no INPI – Instituto Nacional de Propriedade rivada – INPI, como Identidade Geográfica – IG ou Denominação de Origem – DO. O Brasil já tem mais de 60 delas e uma poderia ser, talvez, Frango Bio de Lucas do Rio Verde… E anote: todas estas ações, individuais ou coletivas certamente aumentarão sua importância quanto mais maduro se tornar o Acordo comercial Mercosul X União Europeia com a queda dos impostos aos produtos estrangeiros.

Para saber mais sobre a importância e a força da identidade territorial, acesse:

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