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Por Rogerio Ruschel (*)
Aproveitei minha estada em Saint Emillion, na região de Bordeaux, para conhecer a badalada cave do Châteaux Rochebelle. Fui em abril, quando os primeiros brotos dos vinhedos já estavam escolhidos.
Rodeado por boa vizinhança (os Châteaux Troplong Mondot e Tertre Rotebouf), a propriedade Châteaux Rochebelle é da família Faniest desde 1847 – isso mesmo, 1847! – e tem um diferencial em relação aos demais produtores: os produtos não são vendidos em lojas ou para marchands: se você quiser uma caixa dos Grand Crus Classes da empresa vai ter que comprar entrando em contato com eles.
O vinhedo tem 5.500 hectares com 85% de uva Merlot e 15% Cabernet Franc, a maior parte qualificada como Premier Grand Cru Classés. A maioria das vinhas tem cerca de 45 anos, e a densidade média é de 6.000 pés de vinha por hectare plantados em um solo basicamente de calcáreo e argila com orientação oeste-sudeste.
O vinho é preparado do jeito tradicional; a primeira fermentação tem temperatura controlada entre 15 e 28 graus durante 15 dias em cubas de concreto e o produto é envelhecido em barris de carvalho frances por 15 a 18 meses – nas tais caves substerrâneas. A produção é limitada: anualmente apenas 1.200 a 1.500 caixas (cerca de 18.000 garrafas) do Châteaux Rochebelle são produzidas a cada ano, dependendo da colheita.
Um dos atrativos da visita ao Châteaux Rochebelle são as caves monolíticas, um conjunto fabuloso de suterrâneos, cavernas e adegas escavadas no século XVIII em uma única gigantesca pedra de calcáreo – razão pela qual o nome é Rochebelle.
Veja a série de fotos abaixo que mostram os corredores, barricas e garrafas descansando.
Em uma das pontas do subterrâneo foi aberto um túnel no teto, coberto por uma cúpula de vidro que tem duas funções: permite a entrada de luz para uma área de degustação, e permite a circulação do calor do sol dentro das cavernas, complementando a plena humidade – veja o detalhe da cúpula de vidro abaixo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a partir de 1940 grande parte da França foi dominada pelos alemães, os proprietários do Châteaux Rochebelle taparam e disfarçaram a entrada da adega subterrânea para evitar que os alemães consumissem, roubassem ou destruíssem vinhos de grandes safras que estavam envelhecendo ou que utilizassem o subterrâneo como bunker de armas e munições. Isto foi feito em toda a França dominada e é fato histórico que na região da Champagne produtores chegaram a esconder até veiculos nestas adegas subterrâneas. A Moet & Chandon, um dos grandes alvos dos alemães, chegou a emparedar quase 1/10 dos 24 quilometros de caves subterrianeas!