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Por Rogerio Ruschel (*)
O turismo relacionado à cultura do vinho a cada ano se torna mais importante do ponto de vista econômico (porque o turismo complementa a venda dos vinhos e pode até ser tão lucrativo quanto), arquitetônico (a concepção arquitetônica das vinícolas deixou de ser utilitária para ser visualmente atraente), operacional (porque o lay-out das instalações agora considera a presença de visitantes a pé, de bicicleta e até de onibus) e o modelo institucional de reunir vinicultores, viticultores, restaurantes, locadores de veículos, lojistas em geral e prestadores de serviços turísticos em roteiros do vinho organizados – as rotas de vinhos. A foto acima é uma imagem do L’Andana, na noite da Toscana e abaixo, veja um por do sol em um vinhedo espanhol – duas delícias do enoturismo.
Isto é o que se encontra na Europa (especialmente Espanha, França, Portugal, Itália e Alemanha) e no Novo Mundo do vinho (Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e Estados Unidos) e começa a ser visto no Brasil, embora ainda sem vontade política e investimentos adequados. Muitas vinícolas adaptaram seus espaços para hospedar turistas, como castelos e propriedades antigas na França; outros operadores são casas rurais pequenas e atenciosas, tocadas pelos próprios donos, especialmente nos países ibéricos; e outras vinícolas estão construindo espaços próprios com arquitetura futurista para impressionar o turista e valorizar sua experiência, como espanhóis e norte-americanos. Mas se estas estruturas de receptivo tiverem bom gosto, todas as soluções para hospedar turistas são bem-vindas porque o objetivo é propiciar a experiência da vida nos vinhedos (como na foto abaixo) como você pode ver nesta primeira parte da lista da revista Wine Enthusiast de 10 hotéis encantadores para apreciadores de vinhos.
L’Andana – Toscana, Itália
O L’Andana está situado no coração de Maremma, na Toscana,a 7 quilômetros de Castiglione della Pescaia e da costa do Mar Tirreno, dentro dos 500 hectares da propriedade La Badiola Estate (Tenuta La Badiola – veja mapa abaixo).
O hotel é da empresa do badalado chef de cousine francês Alain Ducasse, tem a sua própria adega, onde os hóspedes podem participar de degustações, aulas de vinho e aulas de culinária.
O hotel tem 33 quartos e suites e é parte da rede de hotéis de luxo “The Leading Hotels of the World”.
O L’Andana, que tem outras mordomias como um spa e uma capela, já foi uma villaMedici, onde o Grão-Duque Leopoldo II e sua corte ficaram durante muitos verões. Além da beleza cênica da região, a antiga vila de Castiglione della Pescaia recebeu a pontuação máxima de 5 Velas Azul do guia Legambiente e Touring Club Italiano, para a transparência da água, a limpeza das praias e o valor histórico do lugar. E, é claro, tudo isso está na Toscana…
Cavas Wine Lodge – Mendoza, Argentina
Situada no sopé da Cordilheira dos Andes (Agrelo, no Vale Lujan de Cuyo, foto acima) dentro de um vinhedo de 35 hectares, esta pousada com 14 suites oferece aos hóspedes a oportunidade de explorar umavasta adega de vinhos com 250 dos melhores vinhos de Mendoza, a principal região vinífera da Argentina e onde estão 70% das vinícolas do pais.
O hotel é pequeno, luxuoso e oferece serviços personalizados, entre os quais provas e degustações de vinhos e jantares privados na adega e também fornece serviços de terapia com vinho no spa próprio, onde o turista pode “sofrer” com esfoliaçãoe banho com vinho tinto, programas nutricionais e massagens relaxantes – enfim, caro amigo (amiga), um sufoco!
O restaurante oferece carnes, pescados, massas e frutas e verduras orgânicas. E as suites são confortáveis e luxuosos – algumas tem até piscina e adega privativas – com preços que começam em US$ 665 e podem atingir até US$ 3.200 + taxas.
Domaine de la Noria, Côtes du Rhône, France
As vezes o luxo estea na simplicidade, meu caro leitor. Domaine de la Noria é uma casa de campo com vinhedo próprio em Chusclan, perto de Nimes e de Avignon, região de vinhedos da DO Côtes du Rhône Villages, na Provence francesa. Construida no finail do século XIX, a propriedade foi completamente renovada em 2003 e oferece aos hóspedes acomodações simples e autênticas de um Bed & Breakfest com preços que começam em 60 Euros.
É indicada para os que querem viver a experiência de acompanhar (e ajudar) o trabalho em um vinhedo e na adega durante a colheita ou fora dela – e entre os mimos, permitem que os clientes escolham suas próprias uvas.
Oferece conforto, autenticidade e simplicidade, mas não abre mão de uma piscina, adega atraente, sala com mesa de bilhar, wi-fi, área de leitura e outras mordomias, como comida natural. Você pode pegar seu carro, bicicleta ou sair a pé e fazer passeios revigorantes na região de Provença-Languedoc, e se pesquisar no calendário de eventos pode acompanhar o Festival de Avignon, feiras em Nimes e festivais culturais e enogastronômicos na região de Côtes du Rhône. Um horror de programa, não? Se gostou, espere as próximas, aqui em breve.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo, gosta de ser bem tratado em hotéis – e acha que luxo não significa garantia de bom tratamento