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Por Rogerio Ruschel (*)
Meu caro leitor ou leitora, Tritão, na mitologia grega (a personagem das fotos acima e abaixo), é um deus dos mares, filho de Poseidon e Anfitrite. Meio homem e meio peixe, é conhecido como o rei dos mares e é a representação masculina de uma sereia. Ele acalma as águas do mar soprando um buzio, para que a carruagem de Poseidon deslize com segurança sobre o oceano. Pois a pergunta é: o que este ser está fazendo no pórtico de uma das entradas internas de um castelo imperial no alto de uma serra?
Acho que nem D. Fernando II, o construtor do castelo que ficou pronto em 1848, deve ter muita certeza. Como era uma pessoa muito crativa, Fernando II – apelidado de “o Rei Artista” – deve ter criado o Pórtico do Tritão apenas pra gente poder ficar discutindo sua exietência, anos e séculos depois… Denominado “Pórtico Alegórico da criação do Mundo”, o Pórtico do Tritão está dividido entre o mundo aquático na parte inferior e o mundo terrestre em cima.
Além dos corais que suportam o peso do deus (abaixo), da cabeça do Tritão nasce uma árvore (acima), enquadrada por videiras que revestem toda a bow-window que o monstro parece suportar e a transição é feita por plantas aquáticas que crescem na orla dos dois mundos, que se vêm por detrás do Tritão (foto abaixo). Muito doido, mas o prédio inteiro é uma doidura. Já escrevi sobre o Castelo aqui em In Vino Viajas – veja aqui: http://migre.me/wdiu9
Segundo pesquisadores, na concepção deste pórtico, do mesmo modo que em relação a quase todas as artes decorativas no Palácio da Pena, D. Fernando II queria recuperar elementos da cultura portuguesa na qual Tritão é citado por escritores, pintores e até mesmo por Luís de Camões em Os Lusíadas.
Mas vamos fazer um passeio visual pelos detalhes do Castelo de Pena, a começar pelos azulejos (acima e abaixo). Como se sabe, a azulejaria é uma das expressões mais fortes da cultura portuguesa, ultrapassando a sua função utilitária e atingindo o estatuto de Arte. Outra atração turística de Sintra, o Palácio Nacional de Sintra exibe a maior coleção de azulejos hispano-mouriscos in situ da Europa, mas os azuleojs do Palácio de Pena também são lindos, como você pode ver por estes que fotografei.
O Parque e o Palácio da Pena, implantados na serra de Sintra como frutos do gênio criativo de D. Fernando II (e do arquiteto contratado, o mineralogista alemão e arquiteto Amador o Barão von Eschewge), são o expoente máximo do Romantismo do século XIX em Portugal, com referências arquitetônicas e elementos arquitetônicos neogóticos, neomanuelainos, neoislâmicos, neorenascentistas, neo-inidianos e também espanhois e germânicos.
O Palácio foi construído para ser observado de qualquer ponto do Parque, uma floresta com jardins luxuriantes com mais de quinhentas espécies arbóreas oriundas dos quatro cantos do mundo e belos passeios, trilhas e recantos com bancos.
O Palácio da Pena foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e integra-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade desde 1995. Em 2013 passou a integrar a Rede de Residências Reais Europeias. E em 2017 foi objeto de duas reportagens para os exigentes leitores de “In Vino Viajas”. Brindemos a criatividade de Fernando II e ao Barão von Eschewge!
(*) Rogerio Ruschel edita In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil, cidade que tem muitos patrimônios arquitetônicos bonitos, mas nenhum deles construido por um rei Artista.
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oi
o que significa o azulejo primeiro um guerreiro_
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Desculpe, não entendei a pergunta.
ABs
Rogerio