Tempo de leitura: 3 minutos
Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, vem comigo conhecer uma vinícola familiar com 223 anos, numa região belíssima, localizada próxima de uma cidade encantadora, onde tudo funciona como um relógio suíço. A pequena aldeia de Peissy, no coração da região de vinhedos de Genebra reúne vinícolas muito antigas. Entre elas está a Domaine Les Perrières, uma propriedade familiar desde o ano de 1794, agora dirigida por Bernard Rochaix, da sétima geração, e por seus filhos, todos apaixonados e disciplinados para continuar a herança vitivinícola da família suiça.
Fui levado a Peissy por minha filha Renata que tem visitado esta região na época das Caves Ouvertes, quando as caves abrem as portas para visitação da comunidade. Em outubro de 2016 visitei a propriedade onde acompanhei os últimos dias da vindima e fui recebido para uma degustação na lojinha da cave (foto abaixo) por Emmanuel Rochaix, representante da oitava geração da família, o rapaz da foto acima.
Além de vinhedos espetaculares onde são cultivadas castas francesas como a aligoté, chardonnay, sauvignon, gamay, merlot e pinot noir, os Rochaix produzem um vinho branco com a casta suiça Chasselas e um tinto com a maravilhosa casta de uvas Gamaret – até então desconhecida por mim – que gera um vinho escuro e denso, de corpo forte e macio como um sangiovese antigo. Aliás, meu último Gamaret, que trouxe da Suíça, acabou esta semana – veja a foto abaixo – e aceito reposição…
A Domaine Les Perrières trabalha com uvas francesas, mão de obra portuguesa – cerca de 20 imigrantes portugueses trabalham de maneira fixa na vinícola, alguns há mais de 20 anos – com técnicas clássicas de vinificação, sob a supervisão do enólogo Sébastien Schwarz.
A vinicola oferece vinhos brancos, tintos, rosé e até um espumante feitos com 17 diferentes variedades de uvas, cultivadas em cerca de cem hectares. Nas fotos abaixo, o português Paulo Pinheiro, chefe da adega que foi meu (ótimno!) guia durante a visita e uma foto do resíduo do bagaço de uva seco e equilibrado, que é utilizado como fertilizante na vinha.
Grande parte da área tem vinhedos antigos (fotos acima), e boa parte é colhida a mão – pude ver o finalzinho da colheita, feia por trabalhadores portugueses – veja abaixo. Emmanuel Rochaix me disse que cada variedade tem seu próprio cultivo e técnica de vinificação e que essa seria uma das razões de uma vinícola suíça – geralmente fora das listas de regiões do mundo que produzem bons vinhos – colecionar muitos prêmios internacionais. Os vintages da propriedade podem ser encontrados nos melhores restaurantes na Suíça por preços que começam em R$ 500,00.
Segundo Emmanuel, em 2015 o Domaine Les Perrières produziu 400 mil garrafas, 90% das quais foram vendidas mesmo na Suíça e apenas 10% é exportado, especialmente para o Japão, Canadá e Belgica.
Emmanuel Rochaix participa do departamento comercial e estudou nos Estados Unidos para ajudar no negócios da família, mas também estudou o ambiente de produção e me disse que o terroir da região é composto por solos molágicos e argilosos, e o clima que é ameno (quer dizer, não congelante no inverno embora receba bastante neve) ajudam no crescimento das uvas e do sabor dos vinhos.
Eu gostei especialmente do Gamaret e do Chasselas branco, uma especialidade da região de vinhos de Genebra. Um destaque é a coleção de gravuras dos rótulos, desenhos feitos por um amigo da família que deixam as garrafas muito elegantes e diferentes no ponto de venda. Brindo aos Rochaix, desejando em breve voltar a visitar esta simpática vinícola: tim-tim.
Conheça as Caves Ouvertes de Genebra aqui http://www.invinoviajas.com/2014/06/caves-ouvertes-2014-de-genebra-passeio/
Conheça os vinhedos de Lavaux, Genebra aqui: http://www.invinoviajas.com/2012/05/nos-vinhedos-de-lavaux-suica-um/
Visite o site da Les Perrières aqui: http://www.lesperrieres.ch/
Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, e sempre se surpreende com a região vinícola de Genebra, Suiça