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Por Rogerio Ruschel (*)
Lagoa substitui Reguengos de Monsaraz, do Alentejo, que foi a Cidade do Vinho 2015 – e que apresentei aos leitores em vários reportagens. Para vencer a concorrência da AMPV, Lagoa apresentou um grande projeto envolvendo quase todos os municípios do Algarve e uma centena de instituições ligadas ao mundo do vinho, da gastronomia, do turismo, da agricultura, dos negócios e do desenvolvimento em geral.
Desidério Silva, Presidente da RTA – Região de Turismo do Algarve, informou que o enoturismo complementa a oferta turística da região e que “em 2016 todo o Algarve estará em festa para celebrar a gastronomia e os vinhos do maior destino turístico português”. E o projeto apresentado promete realizar um grande conjunto de eventos e iniciativas de cultura, esportes, gastronomia, patrimônio e turismo durante 2016. Evidentemente In Vino Viajas vai acompanhar e documentar tudo para você.
O município é considerado um centro da agricultura no Algarve; sua outra mais importante atividade econômica é o turismo, especialmente ao longo da costa, nas áreas de Carvoeiro e Ferragudo, que alia patrimônio histórico, identidade regional, gastronomia supimpa e muitas praias ensolaradas (abaixo) – entre as quais a praia da Marinha, de prestigio internacional, na foto acima – e campos de golfe como o Gramacho e o Pinta, que fazem parte do Pestana Golf Resort, e o Campo do Vale de Milhocom nove buracos.
O Convento de São José (detalhe do claustro, abaixo), construído em 1738, na parte histórica de Lagoa é o ícone da cidade. No jardim do convento está um menir proveniente da região de Porches, com origem entre 5000 a 4000 A.C. Hoje o convento é o Centro Cultural da cidade e sedia exposições de pintura, fotografia e escultura, concertos e peças de teatro, palestras e pequenas feiras.
Outros patrimônios arquitetônicos e históricos são o Castelo de São João do Arade, de 1643, no bairro Ferragudo (foto abaixo); o Forte com a capela da Nossa Senhora da Rocha, também denominado Castelo de Porches, que aparece em registros do ano 1250, também abaixo; e a igreja de Nossa Senhora da Luz, no centro da cidade, reconstruída em finais do século XVIII após o terremoto de 1755, que mantém a porta original do século XVI.
A cidade fica a apenas 7 quilometros do litoral e tem tradição vinícola ancestral, que foi perdida mas está em recuperação. O Algarve é uma das regiões mais quentes de Portugal, favorecendo a produção de vinhos brancos e rosés frescos e atraentes com as uvas Siria, Arinto, Perrum, Malvasia Fina, Manteúdo e Negra Mole e e tintos aromáticos e elegantes especialmente com as uvas Touriga, Alicante, Castelão, Aragonez, Trincadeira e Negra-Mole. Existem quatro DOCs na região: Lagos, Portimão, Lagoa e Tavira, mas os melhores vinhos estão na denominação genérica de Vinho Regional Algarve porque têm regras mais flexíveis e fazem blends das castas autorizadas com ótimas surpresas.
Lagoa já teve uma produção muito maior do que atualmente e sedia quatro vinícolas – outras três vão iniciar a produção em 2016. Uma das vinícolas, a Quinta dos Vales (acima e abaixo) em Estômbar, é uma combinação de adega com um centro de arte montado no coração dos vinhedos. A vinícola recebe muitos visitantes que procuram os bons vinhos e exposições de escultura moderna.
A Única – Adega Cooperativa da Lagoa (foto abaixo) tem 64 anos, vários rótulos com premios internacionais e também organiza degustações de vinhos e visitas guiadas às vinhas; no verão aproveita seus mais de 26.000 metros quadrados de área e realiza a Feira Fatacil onde é possivel conhecer os maiores produtores da região e também a produção de artesanato, turismo, agricultura, comércio e indústria do Algarve – além, é claro, de degustar a gastronomia local.
Foi de Lagoa e da vizinha Tavira que no final do século XIX, quando a filoxera devastou os vinhedos da região do Douro (bem como de quase toda a Europa), milhares de pipas de vinho foram enviadas para Gaia, para que o Douro não parasse de produzir os vinhos do Porto.