Vinhateiros da Mantiqueira Paulista: Vinícola Entre Vilas, onde as uvas crescem com amoras, lúpulos e framboesas, na calma da Frutopia

Tempo de leitura: 5 minutos

Por Rogerio Ruschel

Prezado leitor ou leitora, neste final de 2018 me refugiei em uma filial do Paraíso terrestre, na Mantiqueira Paulista, 180 Kms de São Paulo, um programa que rceomdno por ser criativo, diferente e muito relaxante. A Serra da Mantiqueira é um maciço montanhoso com mais de 500 Km de extensão que se espalha por 129 municipios de São Paulo, Rio de Janeiro e especialmente Minas Gerais, alcançando altitudes de até 2.798 metros. A parte paulista ocupa 30% e inclui a Pedra do Baú (na foto abaixo) e as cidades de Campos de Jordão, Monteiro Lobato, Sao Bento do Sapucai, Pindamonhangaba, São Francisco Xavier e Santo Antonio do Pinhal (onde me hospedei na Quinta VistaBella Hospedaria), na denominada Região Turistica Mantiqueira Paulista.

A lista de atrações atende todos os tipos de visitantes: clima (que vai de 3 a 28 graus ao longo do ano); fauna e flora de mata atlântica e mata de araucária, com centenas de espécies de aves e orquideas; paisagens lindas com vales, riachos, bosques, montanhas, grutas, maciços florestais e jardins; cenários hipnotizantes como a Pedra do Baú e o Pico Agudo com vôos livres de 1.700 metros.

Tem também arquitetura histórica em estações ferroviárias, palacetes, casas centenárias e igrejas coloniais; artesanato de qualidade com madeira, tecidos, barro, palha e flores; o Sítio do Pica-Pau Amarelo em Monteiro Lobato; museus como o de Felicia Leirner em Campos do Jordão (detalhe na foto abaixo) e o curioso Museu da Mantiqueira (Muman), um museu virtual criado para preservar a memória cultural da comunidade de São Bento do Sapucai.

Uma das grandes atrações é a enogastronomia, onde pontuam delicias de comer & beber na forma da gastronomia caipira, geléias, conservas, frutas e mel; das trutas, carnes e fondues; cachaças, cervejas artesanais e chás; temperos, doces e salgados… E também queijos, azeites e vinhos – como os da Vinícola Entre Vilas, encravada na Frutopia. Explico.

Quando você estiver na região visite a Frutopia, uma iniciativa do engenheiro agrônomo Rodrigo Veraldi Ismael que vem construindo sonhos em São Bento do Sapucaí. Meu guia foi o amigo Victor Kiyhoara, da Concilife Mantiqueira, que está levando sua experiência de executivo da hotelaria e professor de turismo para a região. O Viveiro Frutopia é uma fazenda especializada na produção de mudas de frutas vermelhas e lúpulo para cervejas como Baden Baden e cervejeiros artesanais em um vale a 1600 metros acima do nível do mar. Com mais de 30 variedades de framboesas e amoras, a Frutopia é referência na produção de mudas e frutos e já tem fama internacional. Na foto abaixo estou com Rodrigo e Victor.

Pois com os aprendizados do viveiro Frutopia, Rodrigo Ismael decidiu   investir na produção de uvas de castas viníferas e desde 2008 começou a vinificar uvas como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Shiraz, Malbec e Pinot Noir. Os Vinhos Entre Vilas são produzidos se beneficiando da altitude de mais de 1.600 metros e das grandes amplitudes térmicas da primavera e verão, que ajudam a tornar as cascas das uvas mais espessas, levando a um vinho concentrado e cheio de personalidade.

Os vinhedos são protegidos por uma cobertura de “tessuto non tessuto” – a mesma que Galvão Bueno utiliza nos vinhedos de Merlot da campanha gaúcha – e os cachos são ensacadas para enfrentar eventuais ataques de insetos, porque Rodrigo quer que seus vinhos sejam os vinhos o mais natural possivel. Quando vi isso de longe (como na foto acima) me pareceu que as videiras estavam produzindo pessegos, que como morangos, utilizam esta técnica…

A produção é artesanal, sem adição de sulfitos e a área de produção ainda é pequena, o que significa que, por enquanto os vinhos Entre Vilas ainda só estão disponiveis no restaurante próprio da vinicola. O restaurante trabalha com produtos locais e da estação e com o conceito de slowfood. Aliás, visitar a Entre Vilas e Frutopia requer que se vá sem pressa, para curtir o ambiente rústico mas qualificado, as boas cervejas e vinhos.

Toda a pequena produção é consumida em poucas semanas o que repete um certo “clima” de Beuajolais noveau, porque os amigos fazem fila para comprar o que o Rodrigo produzir. Para minha degustação Rodrigo Veraldi ofereceu um Shiraz 2015 de sua coleção privada, escondido para seu consume próprio. Um pouco frutado e com taninos médios mas com identidade, talvez por ser “quase orgânico”, um tinto seco escuro e concentrado, com notas terrosas, o shiraz me lembrou um pouco um Hermitage francês que havia bebido recentemente, que também se baseava nesta uva; um ótimo vinho das montanhas paulistas.

Na Mantiqueira Paulista ainda é possivel conhecer outros vinhateiros como a Vinícola Villa Santa Maria – que visitei e vou apresentar em breve – e as vinicolas Guaspari, em Espirito Santo do Pinhal e Ferreira, em Campos do Jordão e Piranguçú. E também produtores de azeite desta região, como a Oliq, que também visitei semana passade. Mas essas são outras histórias que vão ficar para outro dia.

Saiba mais:

Quinta VistaBella Hospedaria – https://quinta-vistabella-hospedaria-br.book.direct/pt-br

Frutopia e Vinhos Entre Vilas – https://www.entrevilas.com.br/vinicola

Victor Kiyohara – https://www.facebook.com/victor.kiyohara

Uso da cobertura “tessuto non tessuto” de proteção dos vinhedos – http://www.invinoviajas.com/2017/08/a-vindima-magica-de-galvao-bueno/

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