Tempo de leitura: 4 minutos
Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, temos mais dois bons motivos para comemorar com um brinde: reunido em Istambul, Turquia, o comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) declarou dia 13 de julho de 2015 dois novos bens relacionados à cultura do vinho como Patrimônios Imateriais da Humanidade, os dois na França: as Colinas, Casas e Adegas da Champagnhe e os Climats, conjunto de terroirs da Borgonha. A Unesco assim descreveu os patrimônios tombados.
Colinas, casas e adegas de Champagne
A propriedade tombada abrangelocais onde o método de produção devinhos espumantes foi desenvolvidono princípio da fermentação secundáriana garrafa desde o início do século 17 para sua industrialização no início do século 19. A propriedade é composta de três conjuntosdistintos: as vinhas históricas de Hautvilliers, Ay e Mareuil-sur-Ay, Saint-Nicaise Hill, em Reims, e a Avenue deChampagne e FortChabrol em Epernay.
Estes três componentes – a bacia de alimentação formada pelas ladeirashistóricas, as unidades de produção (com suas caves subterrâneas) e os de vendas e centros de distribuição (as casas de champanhe, uma delas na foto acima) – ilustram todo o processo de produção de champanhe. A propriedade é um testemunho claro para o desenvolvimento de uma atividadeartesanal muito especializada que se tornou uma empresa agro-industrial.
Climats, os terroirs da Borgonha
Os climats são parcelas vitícolas (acima) rigorosamente delimitadas nas encostas da Côte de Nuitse Côte de Beaune, ao sul da cidade de Dijon. Eles diferem uns dos outros devido às condições específicas naturais, bem como os tipos de videira e foram moldadas pela cultura humana.Com o tempo eles vieram a ser reconhecidos pelo vinho de alta qualidade que produzem.
Esta paisagem cultural consiste em duas partes. Em primeiro lugar, as vinhas e asunidades de produção associadas, incluindo aldeias e a cidade de Beaune, que juntos representam a dimensão comercial do sistema de produção. A segunda parte inclui o centro histórico de Dijon, que encarna o impulso de regulamentação política que deu à luz o o sistema de terroirs. O site é um excelente exemplo de cultivo de uva e produção de vinho desenvolvido desde a Alta Idade Média.
Agora existem 9 regiões vinícolas na Lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco, que no total tem 1031 sitios em 163 paises. São elas o Piemonte, Itália; Alto Douro, Portugal; Vinhas do Pico, Açores/Portugal; Saint-Emillion, França; Tokay, Hungria; Lavaux, Genebra/Suiça (foto abaixo); Mittelrhein, Alemanha; Champagne, França e Borgonha, França.
Além dos territórios, outros bens imateriais vinícolas também foram tombados como Patrimônio da Humanidade, como a “vite ad alberello”, técnica de 3.000 anos de cultivo de uvas da Ilha Pantelleria, Itália, considerada de alto risco e heróica; e o “Qvevri”, ancestral método de elaborar vinhos na Geórgia, com cerca de 8.000 anos, no qual as uvas são fermentadas em grandes ânforas de barro enterradas no solo – veja na foto abaixo.
Relembro que a própria cidade de Bordeaux – a capital mundial do vinho – é um caso à parte neste assunto de Unesco: depois de uma severa reforma quase metade da cidade (1.808 hectares ou 18 quilometros quadrados)- foi tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 2007. Trata-se do maior conjunto urbano protegido do mundo cercado pela mais importante região produtora de vinho do mundo.
Outros dois territórios vinícolas também buscam o reconhecimento das Unesco mas não foi este ano de 2015 que conseguiram. São eles o Território Bobal, que inclui vinhedos certificados com a DO Utiel-Requena, na Espanha, que re-encaminhou seu pedido em 2013como “Paisagem Cultural”, argumentando 27 séculos de produção vinícola ininterrupta na região. O outro território que pede reconhecimento da Unesco é a “Paisaje del vino y el viñedo de Rioja”, cujo pedido foi feito em 2013 pelo governo da Espanha a pedido da indústria vinícola do Pais Basco.
Saiba mais sobre Unesco e cultura do vinho em várias reportagens de In Vino Viajas, tais como:
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas e acredita que a cultura do vinho – como a cultura em geral – une pessoas e nações
Link permanente
Link permanente
Link permanente